Roma, 03 set. 20 / 11:01 am (ACI).- Por ocasião da reedição de sua pesquisa histórica sobre a Paixão e a morte de Jesus “Patì sotto Ponzio Pilato?”, o famoso jornalista e escritor católico italiano Vittorio Messori reafirmou a urgência de anunciar a verdade do Cristianismo e a historicidade do Evangelho a um mundo moderno secularizado.
“Como disse no subtítulo do meu livro, fiz uma pesquisa histórica. Sou, acima de tudo, um historiador, embora seja um historiador que crê. Tenho estudado em cada detalhe, palavra por palavra, tudo o que os quatro evangelhos dizem sobre a Paixão e a morte de Cristo, ao mesmo tempo em que tenho um bom conhecimento da história judaica e romana. Ninguém pode questionar a verdade histórica”, explicou o autor em uma entrevista recente ao National Catholic Register.
“As possibilidades de destruir os fatos expostos em meu livro são iguais a zero porque tudo que escrevi para provar a verdade da Paixão e da morte de Cristo faz parte de uma história que podemos demonstrar plenamente”, acrescentou o escritor italiano que se converteu ao Catolicismo na idade adulta e desde então dedicou sua longa e frutífera carreira a um estudo histórico do Evangelho para demonstrar sua autenticidade.
Referindo-se à possível má interpretação dos evangelistas, informou “que nos anos posteriores à ressurreição de Cristo circularam muitas versões, pelo menos 20, e a Igreja selecionou apenas quatro delas porque eram as mais confiáveis”.
“Os autênticos autores dos Evangelhos escreviam no calor do momento, pouco depois da morte e ressurreição de Cristo, por isso temos testemunhos que derivam diretamente de quem viveu estes acontecimentos”, explicou.
Durante a entrevista, Messori narrou seu caminho pessoal de fé, assim como as razões pelas quais acredita ser mais necessário do que nunca reafirmar a Boa Nova como parte central da vida cristã, reafirmando o valor histórico dos quatro Evangelhos.
“Minha conversão ocorreu enquanto eu estudava o Evangelho. Depois, comecei o que se converteria em uma longa investigação de sua historicidade. Bem, se eu tivesse descoberto que algo não se ajustava à realidade histórica, teria simplesmente abandonado minha crescente fé católica. Não teria prejudicado minha carreira. Ao contrário! Tudo teria sido mais fácil. Eu não sou um sacerdote; sou acadêmico e jornalista e não tenho interesse em promover uma fé baseada em falsos ensinamentos”, assegurou.
Da mesma forma, revelou que quanto mais avança em sua vida, mais se convence de que “não estava errado e que o Evangelho é realmente um mistério a ser explorado e abraçado”.
Messori contou que nunca esteve em escolas ou seminários católicos, que era agnóstico e que foi chamado pelo Senhor quando menos esperava.
“Aconteceu como um relâmpago; foi muito misterioso. Nunca teria imaginado que um dia me converteria em católico. Minha família, principalmente meus pais, não eram católicos, eram até anticlericalistas. No início, costumava ir à Missa em segredo e meus pais ficaram tristes quando descobriram. Minha mãe até pensou que eu estava tendo um ataque de nervos e pediu a um médico para me atender”, disse ao National Catholic Register.
Além disso, relatou que sua conversão teve um impacto negativo em sua carreira acadêmica. “Quando meus professores descobriram que eu havia me tornado católico, já não estavam dispostos a fazer de um homem como eu seu sucessor” na universidade, contou.
Messori explica que sua conversão “foi principalmente intelectual”, ao compreender “a autenticidade do Evangelho”. “Apaixonei-me pela história do Evangelho e foi assim que tudo começou”, frisou.
“Em 40 anos de trabalho, publiquei 24 livros, todos relacionados à apologética. As tentativas de meus livros são mostrar ao homem moderno que ainda é possível acreditar no Evangelho. Todos esses anos tentei provar algo do que havia duvidado durante a primeira parte de minha vida, ou seja, o fato de que o Evangelho é historicamente confiável, que tudo aconteceu de verdade. Toda a verdade do Evangelho se resume em um só evento, ou seja, a paixão, morte e ressurreição de Cristo”, explicou o autor.
Além disso, comentou que três de seus livros que estão sendo republicados (Ipotesi su Gesù, Patì sotto Ponzio Pilato e Dicono che è risorto), “oferecem um estudo e pesquisa em profundidade sobre esse fato que mudou o curso da história”.
“São os pilares que sustentam toda a estrutura do meu pensamento”, disse sobre seus livros.
“Quando publiquei meu primeiro livro Ipotesi su Gesù (As hipóteses sobre Jesus), imaginei que fosse do interesse das pessoas, mas não poderia imaginar o cataclismo que provocou. Só na Itália foram vendidos dois milhões de cópias”, acrescentou.
Messori também confessou durante a entrevista que lhe parece curioso que, em todos os seus anos, sua obra “só foi criticada pelas ideias morais e filosóficas que transmitia, mas nunca pelos fatos e pela verdade de minhas descobertas”.
“Mas sempre falei como jornalista e tenho estudado constantemente para dar aos meus leitores as informações mais confiáveis. Por isso, sempre procurei produzir obras autorizadas”, acrescentou.
Vittorio Messori é considerado um dos autores católicos mais lidos e traduzidos do mundo, e um dos mais citados no livro Jesus de Nazaré, do Papa Bento XVI. Ao longo de sua vida, produziu importantes obras apologéticas.
Entre suas obras mais lidas e aclamadas estão as investigações sobre a historicidade de Cristo e o mistério de sua Paixão, Morte e Ressurreição: As hipóteses sobre Jesus (1976), Patì sotto Ponzio Pilato (Sofreu sob Pôncio Pilatos, 1992) e Dicono che è risorto (Dizem que ressuscitou, 2000), todos reeditados na Itália pela Edizioni Ares.
Ele também é o autor The Ratzinger Report (1985), um livro de entrevistas com o então Cardeal Joseph Ratzinger que se centra no estado da Igreja após o Vaticano II.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.