Ligada à paróquia de Planaltina, com Pe. Eugênio Balzonello como pároco, dos padres missionários da Consolata, a Igreja inicia sua presença e ação na nascente Sobradinho em 1960. A primeira missa foi celebrada no dia 13 de março de 1960 na pensão do Sr. Francisco das Chagas Ribeiro, “com a participação do Sub-prefeito, dos funcionários e bom número de fiéis, que ocasionaram o reconhecimento oficial da vida cívica e religiosa” i (sic). A partir de então, a missa era celebrada aos domingos na Farmácia Rivetti.
“Em julho de 1960, o Arcebispo veio pessoalmente orientar os primeiros marianos, reunidos na incipiente capelinha feita com 4 folhas de duratex até que construíssem a Igreja debaixo das diretrizes do Pároco, Padre Eugênio Balzonello. Passou-se então a celebra a Santa Missa nesta capelinha aos domingos” ii (sic).
“Passando a imagem peregrina de Portugal em visita a Brasília, esteve também em Sobradinho nos dias 17, 18 e 19 de outubro, na qual ocasião o Exmo. Sr. Arcebispo Dom José Newton de Almeida celebrou a missa vespertina, e atendendo aos pedidos, concedeu como Padroeira de Sobradinho “Nossa Senhora do Rosário de Fátima” iii (sic).
Concluindo-se o ano de 1960 o Pároco de Planaltina Padre Eugênio Balzonello, IMC e seu vigário coadjutor Pe. Ademar Serafim de Medeiros, IMC, concluíram a construção da capela de madeira, coberta de folhas de zinco; recebemos algumas folhas, presente do nosso querido arcebispo de Brasília. A capela mede 9×20 na área especial concedida pelo Prefeito, na quadra 9. Começaram a celebrar duas missas, às 10h e às 14h, administrando os sacramentos aos números fieis, imigrados especialmente do Nordeste” iv (sic).
No dia 07 de outubro de 1961, deu-se a criação da primeira paróquia de Sobradinho, Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima. No dia seguinte, D. Newton veio benzer o novo sino e administrou o sacramento da crisma a 190 fieis. A instalação da Paróquia e a posse do primeiro pároco, Pe. José Monticone, IMC, se deram a 10 de dezembro do mesmo ano.
Pe. José Monticone, da congregação religiosa dos padres missionários da Consolata, esteve à frente de nossa paróquia de 10 de dezembro de 1961 a dez de julho de 1966. Eram tempos de importantes acontecimentos, tanto na vida da Igreja como na história política e social do Brasil e do mundo, que ele registra no Livro Tombo (livro em que se registra a história da Paróquia), tais como a abertura e a realização do Concílio Vaticano II, com a participação do então bispo de Brasília, Dom José Newton; a morte do Papa João XXIII e a eleição do Papa Paulo VI; a reviravolta política e social com a tomada do poder pelos militares em 1964, entre outros.
Ao assumir a sua missão na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima declarou ser seu único programa: “servir e trabalhar para a glória de Deus e santificação das almas” [v]. Era a única paróquia de Sobradinho e a extensão de sua ação pastoral abrangia também as pequenas comunidades rurais já existentes. A exigência da evangelização é tantas vezes testemunhada em seus escritos; preocupou-se particularmente em incentivar as missões como “tempo de graças extraordinárias, arrependimento, perdão e salvação”, para anunciar o Evangelho e promover na incipiente comunidade católica “uma renovação espiritual, um despertar da vida cristã pela consideração das verdades eternas” [vi].
Verdadeiro pioneiro na cidade nascente de Sobradinho, promoveu a construção da comunidade paroquial, tanto material como espiritualmente: apoiou a Congregação Mariana, o Círculo Operário Católico e o Apostolado da Oração, já bastante atuantes nesse tempo, além das Filhas de Maria, dos Vicentinos e dos Cruzados; fundou aqui o Praesidium Nossa Senhora do Rosário, da Legião de Maria e a Obra das Vocações Sacerdotais; promoveu intensamente a catequese e a educação escolar das crianças e jovens, sobretudo por meio da Escola Paroquial de Santa Filomena, que depois se tornou a Escola do Círculo Operário Brasiliense São José, que funcionava de início no espaço da própria capela, com seus modestos 9×18 metros.
Nesse imenso trabalho tanto religioso como social e cultural, Pe. Monticone contava com a preciosa ajuda das Irmãs de Nossa Senhora da Piedade. Muita vida entregue por tantos homens e mulheres na edificação de nossa Paróquia em seus inícios: celebrações cheias de piedade, cruzadas de adoração ao Santíssimo Sacramento, concursos de “Rainha do Natal”, teatros populares (como o Auto de Natal), procissões luminosas, semanas bíblicas, festas da Padroeira! Somos gratos ao querido pe. Monticone e aos irmãos e irmãs católicos pioneiros, que lançaram as raízes da nossa vida cristã e cidadã de nossa querida Sobradinho.
i Livro Tombo, p. 1v.
ii Livro Tombo, p. 2-2v
iii Livro Tombo, p. 2
iv Livro Tombo, p. 3v
v Livro Tombo, p. 10
vi Livro Tombo, p. 12.