CARTA OUTUBRO2018
“Um grande sinal no céu:
uma mulher vestida de sol”
(Ap 12,1)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
É chegado outubro, mês em que celebramos a nossa querida Padroeira, Nossa Senhora do Rosário de Fátima. E este ano faremos uma trezena em sua homenagem, do dia 1o até o dia 13. A festa do padroeiro é sempre um tempo de graça para o povo de uma paróquia, graça de crescimento espiritual, de conversão pessoal e comunitária, de fortalecimento dos vínculos de fé e caridade entre os fieis. Aproveitemos, pois, esse tempo forte em nosso caminho como comunidade paroquial para rezar mais e melhor; aproveitemos as celebrações litúrgicas para contemplar as maravilhas que o Senhor Deus realizou na Virgem Maria e em nosso favor, e, então, cresçamos no amor a ela e a Jesus, seu Filho querido, e na fidelidade de nosso caminho de fé e conversão.
Neste ano do laicado, a Igreja no Brasil nos convida a refletir sobre a missão dos leigos, esses homens e mulheres batizados que assumem o dom e as responsabilidades do seguimento de Jesus em meio aos seus relacionamentos, trabalhos e ocupações todas do cotidiano, como sal e luz do mundo (Mt 5,13-14). Queremos olhar para a Virgem Maria, mãe e esposa, primeira e mais perfeita discípula leiga de Jesus, sal e luz na Igreja e para a humanidade toda, e aprender dela um pouco mais sobre a verdade e a beleza da vida cristã.
O texto inspirador para nossa trezena e para todo o mês é este, tirado do livro do Apocalipse de S. João 12,1-17:
“Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher, vestida de sol” (Ap 12,1).
João diz nesse texto algumas coisas muito importantes: fala de uma mulher grávida em trabalho de parto; ela enfrenta um grande dragão, terrível e poderoso: “a antiga serpente, aquele a quem chamam Diabo e Satanás, o sedutor do mundo inteiro… o acusador dos nossos irmãos” (Ap 12,9.10c); esse dragão procura devorar o filho da mulher. Ao referir-se aqui a uma “mulher” e à “antiga serpente”, lembramos Gn 3,15, quando Deus, após o pecado dos nossos primeiros pais, sentencia a vitória da descendência da mulher sobre a serpente enganadora no combate hostil entre elas. Vemos no combate do Apocalipse o testemunho do cumprimento dessa promessa de salvação!
Nasce, então, o filho da mulher vestida de sol, um varão, um pastor e rei, pois “deve apascentar todas as nações com cetro de ferro”. João diz que esse filho “foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono” (Ap 12,5): ele é o Cristo (Ap 12,10), o Cordeiro (Ap 12,11), aquele por cujo sangue e palavra os seus “irmãos” saem vencedores sobre o dragão e seus anjos (Ap 12,7.10-11). Da mulher, mãe do pastor e rei, diz que se encontra no deserto, onde ela e a descendência dela, isto é, “os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus” (Ap 12,17), sofrem ainda o combate e a perseguição do enfurecido e já derrotado dragão (Ap 12,9.10.13-17).
Esse texto não pode ser interpretado como um mito ou uma fábula com uma linguagem figurada e imagens fantasiosas; ele é, de fato, verdadeira palavra de Deus, uma revelação – e é justamente esse o significado da palavra “apocalipse”! Inspirado pelo Espírito Santo, o Apóstolo João anuncia nesse texto a vitória de Deus sobre o Mal, o Diabo, vitória realizada pelo sangue de Cristo, o Cordeiro, por seu sacrifício na cruz (Ap 12,11). Essa vitória, a obra salvadora de Jesus, verdadeiro Deus (Jo 1,1; 10,30; Tt 2,13), ele a realizou como verdadeiro homem (Jo 1,14), dispondo dos frutos e méritos dessa sua vitória e salvação à humanidade inteira e comunicando-os a todos os que, por seu demasiado amor e graça, são a ele incorporados, como seus irmãos (Rm 8,29; Hb 2,11), como membros do seu Corpo (1Cor 12,27). Eis o mistério da redenção! Eis o mistério da fé! Eis o mistério da Eucaristia, oferecendo e atualizando para nós hoje esse imenso dom! Eis o mistério da Igreja, mulher e mãe que peregrina no deserto, novo Israel, prolongando na história a presença do Messias, o Cordeiro, pela pregação da Palavra e pelos sacramentos (“eis o Cordeiro de Deus” – o padre diz em cada missa!) – sim, a Igreja é a mãe na qual, pela Palavra e pelos sacramentos, Deus gera os “nossos irmãos” (Ap 12,10), os que receberam o Cristo e creem em seu nome, tornados filhos de Deus, nascidos não de um querer de homem, mas de Deus (Jo 1,12-13). Eis enfim, o mistério de Maria, a mãe do Bom Pastor e do Rei Jesus, o Salvador e Cordeiro Deus – ou no belo sinal que viu João: ela, a mulher vestida de sol.
Essa mulher vestida de sol, mãe do Pastor e Rei, é, pois, figura de Maria, a mãe do Cristo, o Salvador, a esposa de José (Mt 1,20-21). Seu seio puríssimo foi a porta pela qual o Sol nascente veio do alto nos visitar (Lc 1,78; Jo 3,13.31) – e esse Sol a iluminou maravilhosamente, revestindo-a de sua divina luz. Maria é a mulher de quem nasceu o Filho de Deus na plenitude dos tempos (Gl 4,4). Mas ela não foi apenas um instrumento passivo usado por Deus: tendo sido também salva por Ele, de um modo único, privilegiado e maravilhoso em sua imaculada conceição, Maria, com total e livre adesão de mente, vontade e coração, foi associada a seu Filho na obra da salvação de toda a humanidade. É como ensina S. Irineu de Lião: “obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação para si e para todo o gênero humano” e “o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé”. Maria, toda iluminada por Cristo, o Sol, a luz do mundo (Jo 8,12), revestida totalmente por ele (Rm 13,14; Gl 3,27; Ef 4,24), torna-se, no povo da Nova Aliança, que é a Igreja, um farol, uma luminária a resplandecer a luz de seu Filho para toda a humanidade.
Contudo, essa vitória já definitivamente realizada por Cristo está ainda em curso no tempo! Daí o imperativo da vigilância para a fidelidade no caminho de fé e conversão! De fato, podemos ainda vivenciar o mistério do combate e da perseguição do Dragão, experimentamos a força do mal envenenando e destruindo tantas vidas, tantas famílias, tantos jovens. Não podemos vacilar! Para nós Igreja, e para a humanidade toda que peregrina no tempo, Maria permanece um grande e maravilhoso sinal da vitória de Cristo sobre o Mal, alimentando-nos, assim, a esperança.
Aqui se revela um significado profundo das aparições da Virgem Maria, em coerência com a sua missão como Mãe da Igreja, mãe dos irmãos do seu Filho. Ela nos dirige, por meio dos pastorinhos em Fátima, o apelo à conversão e oração, pelos exercícios de penitência e pela contemplação dos mistérios de Cristo na recitação do santo rosário. Assim, Nossa Senhora quer ajudar-nos a livrar-nos da escuridão dos erros e seduções do Mal, mostrando-nos a luz de seu Filho, o Sol nascente – não por acaso o sinal último das aparições foi o próprio sol num movimento de aproximação! Ajudando-nos a descobrir ou a reencontrar a seu Filho e a vida em plenitude que ele nos traz, Nossa Senhora nos tempera com seu sal, trazendo-nos seu sabor, abrindo-nos para o verdadeiro sentido de nossa existência. Maria é, verdadeiramente, sal e luz na Igreja e para a humanidade toda.
Quero convidar a ti e à tua família para participardes vivamente da homenagem à nossa querida Padroeira durante toda a trezena. Seja esse tempo como um grande retiro espiritual em comunidade. No dia 06, sábado, faremos um mutirão de limpeza em nossa paróquia, para deixar tudo limpo, bonito e preparado para as festas – é também um momento bonito em que os paroquianos podem manifestar concretamente seu zelo pela casa do Senhor, pelo nosso templo, que é também nossa casa.
Intensifiquemos neste mês no rosário a oração do santo terço, conforme a própria Virgem Maria nos exortou em suas aparições. Rezemos pelas famílias, pelos que sofrem enfermidade; rezemos pela juventude, nesse mês em que o Papa realizará o Sínodo sobre a juventude. Rezemos, enfim, por nosso Brasil neste tempo de eleições: Nossa Senhora Aparecida nos ilumine para um bom discernimento e escolha dos nossos próximos governantes e legisladores. Rezemos!
Agora temos um canal no aplicativo Telegram: CANAL NSRF. Esperamos que ele seja um veículo importante para divulgar os avisos de nossa Paróquia; nele também podes receber notificações das novidades no nosso site (www.nsrf.com.br), onde podemos encontrar sempre bons artigos sobre fé, espiritualidade e atualidades, além de um roteiro de oração e estudo e da carta que escrevo mensalmente para a comunidade paroquial. Peço que baixes esse aplicativo no teu celular e nos ajudes a divulgar; ele pode ser um instrumento muito bom para a evangelização e para dar a conhecer a muitos a vida que acontece aqui em nossa Paróquia.
Sobre a obra de reforma e construção do novo centro de pastoral e catequese de nossa Paróquia que esperávamos começar já agora em setembro: as propostas que recebemos das empresas foram exorbitantemente superiores ao levantamento que orçamos com a nossa comissão de profissionais. Já começando as chuvas, não convém iniciar a obra agora. Creio na Divina Providência que, a despeito ou para além de nossos planos, conduz a história para o bem de todos os que o amam. Vivendo nós tempos tão instáveis na economia nacional, vale a pena aguardar a definição do cenário político com as eleições e, então, planejar os próximos passos para a nossa construção no ano que vem, com a graça de Deus.
Os jovens da etapa Emaús, que estão aprofundando a sua iniciação cristã, alguns que acabaram de receber o sacramento da crisma e outros que serão crismados no ano que vem, começarão neste mês de outubro um tempo de missão. É parte do seu processo de inserção na vida cristã, que inclui, além do apostolado, o conhecimento da doutrina da fé, a vida de oração pessoal e em comum e a experiência da fraternidade e da amizade com os irmãos. Rezemos por eles e os apoiemos. Esse caminho de iniciação e aprofundamento na vida cristã também está acontecendo nas pequenas comunidades das quadras com os adultos. Em breve falarei mais disso. Desejo a todos um bom mês de outubro.
Em Cristo, pe. júlio.