Carta do Padre – Outubro de 2020

Alegra-te, cheia de graça. O Senhor está contigo!
(Lc 1,28)

Caro irmão, querida irmã, a paz.

Chegamos ao mês de outubro, em que nossa Paróquia celebra nossa querida Padroeira, e te convido a contemplar a pessoa de Maria, a Virgem Mãe de Deus e nossa, a Senhora do Rosário de Fátima. Por intermédio dela, a mulher profetizada e preparada, Deus Pai enviou-nos Seu Filho, nosso Salvador (ler Gn 3,15; Is 7,14; Mq 5,1-3; Mt 1,20,-23; Gl 4,4-5). Nela o Verbo Divino fez-se carne, carne de nossa carne, da carne de Maria, pela ação poderosa do Espírito Santo, e fez-se homem (ler Jo 1,14; Lc 1,34-35; Fl 2,6-11). Com ela Deus quis estar, desde a sua concepção imaculada, preservando-a do Mal e do pecado, sustentando-a e formando-a na fé durante a peregrinação neste mundo, e com ela permanecendo para sempre, tal como o Anjo Gabriel declarou:

Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!

Sim, a presença de Deus na vida de Maria não foi só por um instante. O Senhor não usa e descarta Seus eleitos, mas os ama, a cada um, com amor de predileção, amor de fidelidade, amor de eternidade (ler Jr 31,3; Sl 89/88,1-5; 2Tm 2,13). Ele os conhece desde sempre, os predestina à participação de Sua vida divina na comunhão com o Filho, os chama, os justifica para os glorificar (ler Rm 8,29-30; 2Pd 1,3-4). O Senhor estava com Maria já antes da encarnação – S. Agostinho diz que antes de dar à luz o Mestre, Maria já o trazia na mente. O Senhor habitou corporalmente em Maria durante a gestação de Jesus. O Senhor permaneceu com Maria e em Maria, por força da divina graça, depois do parto, por todos os dias, por toda a eternidade, realizando de modo sublime e único aquilo que Ele prometeu a todos os Seus: “Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos tempos” (Mt 28,30).

Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!

Jesus quer permanecer em nós e nos convida a permanecermos nele; desse modo se manifestam em nossa vida Seus frutos e Suas obras maravilhosas (ler Jo 15,4-7; Gl 5,22-23). Permanecendo em Cristo, tendo-O na mente e no coração, o discípulo tem a sua vida transformada n’Ele e participa da verdadeira liberdade de filhos de Deus (ler Jo 8,31-36; Gl 2,20; 5,1). Essa é a realidade em todo aquele que ouve o Cristo, permanece em Sua palavra e a põe em prática, que o ama e abre a porta para Ele (ler Jo 14,23; Ap 3,20; 1Jo 3,24). Todas essas graças se realizam de modo excelente e único naquela que é a mais perfeita discípula de Cristo, aquela que acolheu, concebeu e guardou a Palavra, sendo-Lhe fiel até o extremo (ler Jo 19,25), em quem se cumpriu tudo o que o Senhor prometeu (ler Lc 1,45). Maria é a Casa primeira e definitiva de Deus, onde Ele quis habitar e permanecer para manifestar a Sua admirável obra de redenção, Sua santidade e Sua glória maravilhosa (ler 1Pd 2,9-10).

Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!

Importa conhecer Jesus no meio de nós, dizia eu na última carta. Ele é o único Salvador e Mediador entre Deus e os homens (ler At 4,8-12; 1Tm 2,5-6). Importa ouvir a Sua voz de Bom Pastor e segui-Lo. De fato, uma só coisa realmente importa: viver à altura do Evangelho de Jesus Cristo (ler Fl 1,27). Para tanto, o Espírito Santo nos preparou a Virgem
Mãe de Deus como sinal, incentivo e ajuda nesse caminho de conhecimento e seguimento do Filho Eterno e de Seu Evangelho. É verdade que, em Sua Bondade, Ele providenciou tantos lugares e meios em Sua Igreja para que essa obra divina nos alcance e converta, nos santifique e salve: os sacramentos, a Palavra de Deus na Sagrada Tradição e nas Escrituras, os testemunhos da obra da Graça no tempo, na vida dos Seus santos. Maria não é apenas mais um lugar entre tantos, uma opção que se possa descartar. Deus a quis! Ele no-la deu para um relacionamento de intimidade (ler Jo 19,26-27). Ela é a porta pela qual o Verbo de Deus, o Verbo Eterno, entrou no tempo; ela é a matéria santa modelada para gerar a Carne do Filho de Deus no mundo. Nela resplandecem, de modo excelso e único, todas as virtudes e maravilhas que Ele, e só Ele, pode realizar em cada pessoa humana, por Sua graça, segundo a medida de cada um (ler Ef 4,15-16)!

Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!

Maria permanece para a Igreja um luminoso sinal da obra de redenção e santidade de
Cristo e de Seu Espírito, durante o tempo da nossa peregrinação de fé na terra, mas também por toda a eternidade na visão da glória de Deus (ler Ap 12,1). As intervenções de Nossa Senhora na vida de tantas pessoas, não só nas aparições reconhecidas pela Igreja e nos muitos milagres acontecidos por intercessão dela, manifestam que ela continua em ativa colaboração com a obra de seu Filho, em união e submissão aos desígnios eternos de seu Deus e nosso Deus. Ela é mãe! Deus sabe como, em nossa humanidade, a mãe tem um acesso a nós como ninguém mais. Em Maria e por ela, o Senhor continua atraindo-nos, cuidando de nós, ensinando-nos, porque tudo em Maria se refere a Jesus! Todas as suas palavras e atos apontam para Ele. “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (Jo 2,5) – é o seu apelo e testamento para nós, nas bodas de Caná, mas também em Fátima, em Lourdes, e em cada lugar de oração em que alguém se abra à sua palavra e exemplos, tão maternos, discretos, mas eficazes, porque totalmente em comunhão com seu Filho Amado e a serviço d’Ele. Tudo isso porque ela está sempre com o Senhor, e o Senhor sempre com ela.

Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!

Entremos, pois, na escola de Maria. Jesus é o centro da vida dela. Jesus é o centro da oração de Maria, do ensinamento de Maria, dos pedidos de Maria. Olhemos para Ele, com os olhos dela; escutemos a Jesus como ela, guardando tudo na memória do coração (ler Lc 2,19.51). Isso é rezar com Maria. Esse é o sentido da oração do santo rosário. Aprendamos com ela a abrir-nos pela fé aos planos de Deus, que chegam a nós por Suas misteriosas mediações, respondendo como ela: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). A humildade de Maria, tão cheia de sabedoria, fortaleza e confiança, nos disponha a acolher em nós a obra regeneradora e transformadora da Palavra de Deus, fazendo também de nós Seus portadores, Suas testemunhas, através de nossas palavras e sobretudo de nossa vida nova em seu Filho (ler Rm 6,4; 2Cor 5, 16-17; Fl 2,14-16).

Vivamos a trezena de nossa Padroeira, do dia 1 a 13 deste mês, como tempo forte de proximidade com Maria – veremos como Aquele que está nela nos encontrará de modo tão maravilhoso.

Prossigamos! O Amor de Cristo nos uniu! Em Cristo, Pe. Júlio.

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