Carta do Padre – Julho 2020


 

Quem vos ouve a mim ouve…
(Lc 10,16)

Caro irmão, querida irmã, a paz.

Há pouco celebramos a Solenidade de S. Pedro e S. Paulo, e este mês se inicia na ressonância daquelas palavras de Jesus a Simão: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e a Potência da morte não terá força contra ela” (Mt 16,18). Simão Pedro e os outros apóstolos são chamados, preparados e enviados por Jesus “a todas as nações” (Mt 28,19-20) para levarem a fé em Cristo, Filho do Deus Vivo, levarem o Seu Evangelho, o Seu batismo, o Seu Corpo e Sangue, o Seu perdão – em suma, para trazerem a presença de Jesus Ressuscitado para o meio de nós, em favor da vida e salvação do mundo. É Jesus mesmo quem, por meio de Sua Igreja Apostólica, continua a falar, a batizar, a perdoar, a salvar cada pessoa que Lhe abre a porta pela fé. Ele está no meio de nós!

Quem vos ouve a mim ouve…

Jesus é o Verbo Eterno de Deus (ler Jo 1,1-18), a Palavra de Deus em Pessoa (ler Ap 19,11-13). Ele é a Palavra pronunciada eternamente pelo Pai, é o resplendor de Sua glória e a expressão do Seu ser (ler Hb 1,1-2). As palavras de Jesus são as palavras do próprio Deus, porque Jesus fala do que vê e ouve diretamente do Pai, como Ele mesmo explica: “O meu ensinamento não vem de mim, mas d’Aquele que me enviou” (Jo 7,16). Acolhemos de verdade a Jesus quando escutamos, recebemos, guardamos e vivemos as Suas palavras: “Se permaneceis na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres” (Jo 8,31-32). As palavras de Jesus são, portanto, critério para o julgamento da verdade, daquilo que somos e de nosso destino final. Diz Ele: “Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, não sou eu quem o julga: pois eu não vim julgar o mundo, mas salvar o mundo. Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem o seu juiz: a palavra que eu disse o julgará no último dia. Eu não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou prescreve-me o que tenho a dizer e a declarar. E eu sei que o seu mandamento é vida eterna: o que eu digo, digo-o como o Pai me disse” (Jo 12,47-50).

Quem vos ouve a mim ouve…

As palavras de Jesus são espírito e vida, são palavras de vida eterna, comunicam vida: “Se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a morte!” (ler Jo 6,63.68; 8,51). Ele diz ainda: “Em verdade, em verdade, eu vos digo, aquele que ouve a minha palavra e crê n’Aquele que me enviou tem a vida eterna; ele não vem a juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5,24). Escutar as palavras de Jesus, a palavra da verdade, o Evangelho que nos salva (ler Ef 1,13), é, pois, questão de vida ou morte! Por isso Ele constituiu Sua Igreja sobre o fundamento da fé de Pedro e dos Apóstolos e a envia para fazer chegar o Seu Evangelho a cada pessoa, “a toda criatura” (ler Mc 16,15). Jesus mandou Sua Igreja falar em Seu Nome!

Quem vos ouve a mim ouve…

Escutar a palavra de Deus trazida por Jesus e entregue ao ministério dos Apóstolos é, pois, uma exigência para quem quer encontrar a Verdade e a Vida. A acolhida dessa palavra de salvação (ler At 13,26) marca para nós o início de um relacionamento vivo com a Pessoa de Jesus na fé e no amor. A Sua palavra, permanecendo em nossa memória, em nossa consciência, tem poder de nos formar, de nos regenerar, de mudar nossa mente e coração, mudar nossa vida, movendo-nos a fazer, com inteira liberdade e alegria, tudo o que Ele diz para o nosso bem, para a verdadeira felicidade. Por essa razão, caro irmão, querida irmã, é urgente escutar o que Jesus disse e confiou a Pedro e aos outros Apóstolos em Sua Igreja:

Quem vos ouve a mim ouve…

Assim como Jesus não fala senão o que ouve do Pai (ler Jo 14,24), também os que ele envia a falar em Seu Nome falarão o que receberam d’Ele e que o Espírito da Verdade lhes ensinou e fez guardar, aprofundar e transmitir no seio da Igreja de Cristo (ler Mc 3,13-14; 13,11; Jo 16,12-15; 1Cor 11,23; 15,3-5). Isso é importante! Para o teu bem e salvação, importa que encontres, cada vez mais, a Verdade que é Jesus e Seu Evangelho, cujo anúncio e testemunho Ele confiou à toda Sua Igreja, unida na mesma fé professada por Pedro. A Pedro e aos demais Apóstolos – e depois os que lhes sucederiam nos séculos futuros, isto é, os bispos unidos ao Papa – é confiado, em primeiro lugar, o anúncio e propagação do Evangelho. A eles coube, como missão, defender-nos dos desvios e distorções daqueles perturbadores da fé que, abandonando a linguagem e sabedoria da Cruz, fundada no poder de Deus, ensinam a “sabedoria” baseada no prestígio da palavra e da glória deste mundo, em busca de agradar aos homens e não a Deus (ler Gl 1,6-10; 5,7-10; 1Cor 2,1-10).

Quem vos ouve a mim ouve…

Como o Senhor é bom conosco! Não nos deixou órfãos, mas segue cuidando de nós, de nossa salvação, pela mediação daqueles que Ele coloca como guardiães da fé genuína, do Seu Evangelho. Por isso que cada Igreja particular, isto é, a diocese, a porção do povo de Deus que caminha em determinada região, tem à sua frente uma sentinela, um bispo, para cuidar dela, para fazer crescer a fé, para trabalhar pela conversão e santificação desse povo. Nossa Igreja de Brasília está na espera de seu novo bispo. Nosso querido Dom Sérgio, que esteve conosco de 2011 até o dia 05 de junho passado, agora é Arcebispo de Salvador, na Bahia. Rezemos por D. Sérgio, em gratidão por todo bem que aqui ele realizou. Rezemos também pelo nosso futuro bispo, desde já dispondo-nos a um caminho de unidade de fé e caridade com ele, junto com os irmãos e irmãs de toda a nossa Arquidiocese. Oremos para que o Senhor da messe e Pastor do rebanho nos envie um pastor segundo o Seu Coração:

Ó Deus, Pastor Eterno, que governais o vosso rebanho com solicitude constante, no vosso amor de Pai concedei à Igreja de Brasília um pastor que vos agrade pela virtude e vele solícito sobre nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós.

Prossigamos! O Amor de Cristo nos uniu!

Em Cristo, Pe. Júlio.

 

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