CARTA SETEMBRO 2019
“Perdoa-nos… como nós perdoamos…”
(Mt 6,12)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
“Perdoa-nos as nossas ofensas,
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
Jesus quer que a gente conheça o seu Pai. Com esse pedido na oração, Ele nos desperta para uma experiência fundamental na descoberta do Pai: o seu perdão. Ele é o Deus que perdoa; nós, os que precisam de perdão. Sejamos honestos: carregamos em nós uma realidade misteriosa, como bem testemunha São Paulo: “não faço o bem que quero e faço o mal que não quero” (Rm 7,19). São Paulo não está falando aqui dos limites naturais da nossa existência humana, pois somos falíveis e imperfeitos; ele está falando do mistério de um mal que age profundamente em nós e nos torna injustos – um mal que nos torna escravos, como o próprio Jesus disse: “Quem comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8,34). O pecado nos fere radicalmente, criando uma separação entre nós e Deus, entre nós e os outros, e, por fim, produz a morte (Ler Rm 6,23).
Perdoa-nos…
Da escravidão do pecado não podemos sair por nossas próprias forças; precisamos ser salvos! Essa é a missão de Jesus, como disse o anjo a S. José: “é Ele que salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). É pelo dom do perdão em sua cruz que Jesus nos salva: “nele somos libertos, nossos pecados são perdoados” (Cl 1,14; Ler 1Tm 1,15).
Perdoa-nos…
Ao pedirmos “Perdoa-nos…”, nós nos lembramos de que, em Jesus, o Pai oferece para nós um perdão imenso e definitivo. O perdão do Pai em Cristo nos liberta das culpas e nos restaura a vida. O perdão do Pai em Cristo destrói o muro da separação, cura as feridas, vence a morte que o pecado gerou. O perdão do Pai devolve para nós a paz e a alegria, pois sua graça que perdoa, cura e santifica, também nos torna amigos de Deus! Que bom saber que esse perdão está disponível para nós no sacramento da confissão! Não demoremos em procurar a confissão – e com justa frequência!
Como nós perdoamos…
Certamente já experimentamos como é tão fácil errar, ofender, pecar. O Pai do céu nos faz descobrir como é maravilhoso e libertador sermos perdoados. Do mesmo modo, Ele também nos chama a perdoar os outros. Jesus insiste nisto: precisamos e devemos perdoar (Ler Mateus 18,21-35; Lucas 17,3-4; João 8,1-11).
Como nós perdoamos…
Sei como tantas vezes é difícil perdoar. Experimento em mim mesmo a luta que se trava dentro do coração quando, ofendido, ele fica preso na decepção, na raiva ou na tristeza. Graças a Deus, também pude descobrir que não adianta nada ficar parado pensando na dor ou nas perdas que alguém me causou, vendo-me como uma vítima dos outros, do mundo ou mesmo de Deus. Há algo que nos ajuda muito a perdoar a quem nos tem ofendido: lembrar o muito que o Senhor nos tem perdoado e ajudado, lembrar que em tudo e sempre Ele nos ama e nos abre oportunidades para o crescimento, para a conversão, para nos tornar mais unidos a Cristo.
Perdoa-nos… Como nós perdoamos…
Como é bom sermos perdoados: o Senhor nos liberta do mal, nos torna livres! E ainda mais: o Senhor também nos chama a experimentar como é bom perdoar! Sim. Quando perdoamos, o Senhor nos faz participar da sua obra libertadora, fazendo de nós para os outros instrumentos de sua reconciliação, de sua paz e de sua justiça. O perdão é um dom imenso e uma força poderosa para a vitória do Bem e da Justiça, com seus frutos maravilhosos: a comunhão e a paz. Dispor-se para pedir e dar o perdão é um sinal de maturidade humana e cristã, de crescimento na fé e no amor. Essa é uma estrada que todos precisamos percorrer, pessoal e comunitariamente, na família, na Paróquia, no trabalho, na vizinhança… Que belo quando os irmãos vencem a tentação da discórdia, das intrigas, da autossuficiência, dos ciúmes e invejas, das fofocas, e, recebendo-se como irmãos, dizem juntos: “Pai nosso! Perdoa-nos… Nós perdoamos…”. Sejamos homens e mulheres do perdão! Cresçamos como comunidade de perdão!
Peço tuas orações neste mês para o Acampamento do ECC (06 a 09), para o Retiro das Comunidades Jovens Kénosis e Parresía (13 a 15) e para o retiro dos jovens que estão vivendo a aventura Alpha (20 a 22). Também para os padres que farão seu retiro nos dias 23 a 27. Quanto à construção do nosso Centro Pastoral, lugar para o anúncio do Evangelho, de sua graça e verdade libertadora, precisamos intensificar nossas orações para fazer frente às investidas do Adversário que tenta atrapalhar e freiar a obra de Cristo e da sua Igreja. Vigiemos, oremos e trabalhemos!