Carta Agosto 2018 – “Vós todos sois o Corpo de Cristo.”

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CARTA AGOSTO 2018

“Vós todos sois o Corpo de Cristo.”

(1Cor 12,27)

            Caro irmão, querida irmã, a paz.

         O “Corpo de Cristo” – é o que ouvimos quando recebemos a Eucaristia na missa. A Hóstia consagrada é o próprio Cristo, Cristo vivo, o Crucificado Ressuscitado, Cristo inteiro: corpo e sangue, alma e divindade. É o testamento e herança que Jesus nos deixou, prolongando sua presença entre nós no sacramento, tal como prometeu (Jo 6,27.51) e realizou (Lc 22,19-20), e tal como seus Apóstolos fielmente nos transmitiram (1Cor 11,23-25). O “Corpo de Cristo” – é também como S. Paulo denomina a Igreja (Ef 1,22-23; 5,23; Cl 1,18), dirigindo-se desse modo também à pequena comunidade de Corinto:

         “Vós todos sois o Corpo de Cristo” (1Cor 12,27).

         A Igreja é, de fato, “o Povo que Deus reúne no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza como assembleia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo e ela mesma se torna assim Corpo de Cristo” (Catecismo da Igreja Católica, n. 752; conferir também n. 777). Isso porque a Igreja não é apenas o povo congregado em torno de Cristo, mas o povo unificado nele! (cf. Catecismo, n. 789).

         Para falar do mistério da Igreja – pois a Igreja é também mistério divino, não uma instituição puramente humana e terrena -, S. Paulo se vale de várias imagens: lavoura de Deus e construção de Deus (1Cor 3,9; Ef 2,21), família de Deus, morada de Deus no Espírito (Ef 2,19-22), Jerusalém celeste e nossa mãe (Gl 4,26), esposa de Cristo (Ef 5,26ss)… Não são meras metáforas, mas imagens reveladas que expressam a realidade do relacionamento entre Cristo e seu povo, seus discípulos, aqueles que ele associou à sua vida, unidos a ele no mistério do seu batismo (1Cor 12,13). A imagem da Igreja como “Corpo de Cristo” revela de modo especial a profunda unidade existente entre Cristo e a Igreja, pois, sendo ele “a Cabeça do Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,18), ele e sua Igreja constituem “uma só pessoa” (S. Gregório Magno), “uma só pessoa mística” (S. Tomás de Aquino), “uma só coisa” (S. Joana d’Arc). É como diz ainda S. Paulo: “E os dois serão uma só carne! Esse mistério é grande – eu digo isto com referência a Cristo e à Igreja” (Ef 5,31b-32). [Sugiro a leitura do artigo sobre a Igreja do Catecismo da Igreja Católica, números 787 a 796).

         “Vós todos sois o Corpo de Cristo” (1Cor 12,27).

         Além do mistério da nossa unidade com Cristo, nossa Cabeça, essa imagem também revela o mistério da unidade entre nós na diversidade de dons e de ministérios, como membros de um único Corpo (1Cor 12,4-14):

          “Vós todos sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse Corpo” (1Cor 12,27).

         “Vós todos”! E “cada um”, “individualmente”! Essa palavra põe por terra aquela compreensão equivocada de que a Igreja são apenas ou sobretudo o Papa, os bispos, os padres, as freiras – e, por consequência, de que somente sobre eles recai a responsabilidade da missão de evangelizar, de ensinar, de zelar pelo bem e salvação das pessoas.

         “A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos” (1Cor 12,7).

         A nós todos juntos e a cada um pessoalmente, como membros vivos da Igreja, caminhando e vivendo numa comunidade paroquial concreta, são dadas, pelo Espírito de Cristo, “conforme ele quer” (1Cor 12,11), tantas graças, tantos dons! E uma dessas graças é o chamado à responsabilidade diante desses mesmos dons, para colocá-los a serviço para o “bem de todos”. Eis uma nota essencial da dignidade de todo batizado: os dons recebidos clamam responsabilidade!:

  • dom de tantas riquezas de graça e salvação em Cristo, nossa Cabeça; e responsabilidade em acolher o seu senhorio e seguir seus ensinamentos;
  • dons imensos de vida, cura e santificação nos Sacramentos e na Palavra gerados e comunicados na Igreja; e responsabilidade em assumir nela nosso lugar, nossa função para o bem de todos, nossa missão;
  • dom de acolher tantos sinais de cuidado sobre nós na pessoa dos irmãos; e responsabilidade de recebê-los verdadeiramente como irmãos, entregues a nós, e oferecer em serviço a eles os dons que o Espírito nos confiou.

         Louvo ao Senhor pelo testemunho de vida e de serviço de tantos fieis leigos que entraram em meu caminho e me ajudaram a conhecer a Jesus e a beleza e verdade de seu Evangelho! Louvo ao Senhor por reconhecer a ação do Espírito Santo em tantos homens e mulheres, pais e mães de família, solteiros, viúvos, que manifestam em sua existência a força restauradora da Páscoa de Cristo, o amor pela Igreja, o ardor da missão, o zelo de caridade pelos irmãos. Pessoas comuns, com suas lutas e fraquezas, como todos, mas que se deixam conduzir pelo Bom Pastor em sua Igreja, num caminho de conversão e de serviço, que os torna cristãos dignos desse nome, homens e mulheres adultos de verdade, livres de verdade, felizes de verdade – eles encontraram um tesouro (Mt 13,44-45)!

         Louvo o Senhor pelos fieis leigos e leigas que caminham e põem os dons recebidos a serviço “do bem de todos” aqui na nossa Paróquia, nas pastorais, nas equipes de serviço, nos grupos de oração, nas comunidades das quadras, nas comunidades jovens, na catequese, na liturgia… Lembro também tantos outros que não se envergonham de Cristo nem da Igreja dele e dão testemunho da fé nas suas famílias, junto aos amigos, nos locais de trabalho, nos diversos setores da vida da sociedade. Na verdade, esse é o chamado específico para o fiel leigo: ser sal e luz no meio do mundo (Mt 5,13-16).

         Quero agradecer de modo particular desta vez aos fieis leigos que compõem a Comissão de obras de nossa Paróquia e que estão trabalhando arduamente, já há um bom tempo, para a edificação do nosso Centro Catequético ou Centro Pastoral. A obra inclui uma construção e reforma-adaptação do prédio que se encontra atrás da igreja (salão da igreja antiga, que será reformado, e a atual casa paroquial, que ali deixará de existir para dar lugar a salas). Colocaremos oportunamente no mural um esboço do projeto. Se Deus quiser, neste mês de agosto já concluiremos a primeira etapa do cronograma com a definição da empresa que executará a obra. Isso significa que, iniciando os trabalhos em setembro, praticamente teremos à nossa disposição somente o espaço do templo. Precisaremos organizar bem nossas atividades nesse tempo, com inteligência e paciência. E, claro, com muito trabalho para levantarmos os valores necessários para começar e concluir a obra no prazo previsto, sem dívidas. Vamos juntos! S. José, valei-nos!

         Nesse mês de agosto, em comunhão com a Igreja no Brasil, queremos dedicar-nos mais ainda à oração pelas vocações: “A messe é grande, mas os operários são poucos. Envia, Senhor, operários para a vossa messe!”. Retomaremos as missas de 6h30 nas manhãs de 3a a 6a feira – um modo maravilhoso de iniciar nossos dias com a presença sacramental de Jesus. Quem ainda não experimentou participar da missa diariamente pode provar essa bênção que oferece tantas graças de amadurecimento na fé e de conversão.

         Peço que acompanhem pelo nosso site, pelo facebook ou pelo mural da Paróquia a programação deste mês de agosto, bem rica em atividades.

         Em Cristo, pe. júlio.