CARTA MARÇO 2018
“Eu sou a videira…
Vós sois os ramos…”
(Jo 15,5)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
Acolhemos essa palavra do Evangelho do Senhor neste mês tão rico em que vivemos o tempo forte da Quaresma, esse grande retiro espiritual que nos encaminha para o encontro sempre novo com o mistério-fonte de nossa vida cristã: a morte e a ressurreição de Jesus. Nesse mistério somos mergulhados quando de nosso batismo. Pelo batismo, somos enxertados em Cristo, como pequenos ramos numa árvore robusta e sadia. Assim, unidos a Jesus, sendo um com Ele, nos é dado beber de sua divina seiva, de sua graça, de sua vida. Grande e belo mistério é a vida cristã, fonte de uma riqueza espiritual incomparável!
Queremos, pessoalmente e como comunidade, contemplar e viver intensamente esse mistério, com a ajuda da Palavra de Deus que nos visita a cada dia na liturgia – e que belo sinal ver nossa igreja receber como mãe a tantos filhos que se reúnem como irmãos para celebrar a missa no Domingo, o dia do Senhor, como também durante a semana, tanto de manhã como pela noite! Lembrando-nos desta palavra – “Eu sou a videira, vós sois os ramos…” -, podemos neste mês dar-nos mais conta, na vida e nas celebrações da Quaresma e da Semana Santa, do imenso amor de Deus por nós, manifestado e oferecido a cada um de nós na Paixão e Cruz de Jesus, nosso Senhor e Salvador.
Jesus, o Filho de Deus vivo (Mt 16,16) se uniu profundamente a nós, assim como a videira e os ramos são um só. Ele se fez nossa carne, tornando-se um conosco (Jo 1,14; Rm 8,3; 2Cor 5,21; Hb 2,17). Assim, as suas dores são as nossas dores que Ele assumiu (Is 53,4); a entrega total de si mesmo ao Pai é a oferta que ele faz de nossa humanidade ferida e pecadora, nele reconciliada e pacificada (Cl 1,20-22), por sua obediência até a morte, e morte de cruz (Fl 2,6-8). Em sua cruz, somos nós lá com ele e nele; em sua morte, está a nossa morte; e, sobretudo, em sua obediência filial e confiante ao Pai, até a “loucura da cruz” (1Cor 1,18) – lugar do perdão (Mt 23,33-34), da justiça (1Pd 2,24) e do amor (Jo 3,16-17) -, está a nossa redenção!
No rosto de Jesus sofredor (Is 52,14), em sua paixão e morte, reconhecemos o nosso próprio rosto desfigurado por causa de nossos pecados, de nossas injustiças e egoísmos, que mancham ou mesmo destroem aquela semelhança que o Bom Deus, em seu amor criador, imprimiu em nós desde o início (Gn 1,26-27). “Eu sou a videira… Vós sois os ramos…” (Jo 15,5) – pela sua paixão e morte de cruz, Jesus assume em sua carne a poda que nós todos, pecadores, precisamos para ser curados e voltar a produzir fruto, para ter em nós vida, a vida divina que o Pai nos quer comunicar (Jo 6,40; 2Pd 1,3-4). Essa nova vida – essa nova chance! – está à nossa disposição no perdão divino que recebemos no sacramento da confissão, que, por Cristo, nos reconcilia com o Pai do céu. Procuremos confessar-nos sempre, mais especialmente agora para a Páscoa do Senhor.
Não nos iludamos: ninguém pode salvar-se a si mesmo! Ninguém pode produzir frutos de vida, frutos que permaneçam (Jo 15,16), se está separado de Cristo: “eu sou a videira, e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Não podemos construir um mundo justo e fraterno sem ele; não podemos converter-nos ou trazer paz ao mundo apenas com nossas qualidades ou estratégias; não podemos superar a violência só com nossas forças, nossos planos, nossas boas intenções ou nossa boa vontade. Sejamos honestos: tantas vezes podemos experimentar como, mesmo desejando o bem, somos nós que causamos o mal, como diz S. Paulo: “de fato, estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (Rm 7,18-19).
Escreveu Isaías, movido pelo Espírito (1Pd 1,19-21), esta impressionante profecia que anuncia, séculos antes, o sacrifício de Jesus e que ouviremos na celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa: “Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores, que levava às costas. E a gente achava que ele era um castigado, alguém por Deus ferido e massacrado. Mas estava sendo traspassado por causa de nossas rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos de pagar caiu sobre ele, com os seus ferimentos veio a cura para nós. Como ovelhas estávamos todos perdidos, cada qual ia em frente por seu caminho. Foi então que o Senhor fez cair sobre ele o peso dos pecados de todos nós” (Is 53,4-6).
“Cada qual ia em frente por seu caminho…”. Essa é uma imagem da terrível solidão e tristeza de uma humanidade aprisionada na cegueira arrogante dos interesses egoístas e de suas injustiças. São, enfim, nossos pecados que nos separam de Deus e de seus desígnios de amor e, em consequência, dividem o mundo pelas discórdias e nos separam uns dos outros, fazendo-nos esquecer-nos de que somos todos irmãos (Mt 23,8) e comportar-nos como adversários ou como estranhos (Gn 4,8-9). Mediante a sua paixão e morte de cruz, Jesus veio matar a inimizade entre os irmãos, entre os povos, “derrubando o muro da inimizade que os separava” (Ef 2,14-16); ele veio “para reunir os filhos de Deus dispersos” (Jo 11,52).
A paixão e cruz do Senhor gerou um povo novo, “a família de Deus” (Ef 2,19), congregada em torno de Cristo (Catecismo da Igreja Católica n. 789), em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Somos seus membros (1Cor 12,12), somos seus ramos (Jo 15,5), somos seus irmãos (Rm 8,29; Hb 2,11), somos sua Igreja (Mt 16,18). Insisto em convidar e estimular a ti e a todos os nossos paroquianos a experimentardes a graça de crescer mais e mais nesse dom de ser Igreja, no dom de ser Igreja Católica.
Este é um grande presente para nós, fruto da cruz e da ressurreição do Senhor: viver a graça de ser Igreja! Isso se expressa e se realiza, de modo muito especial, na Eucaristia dominical, deixando-a prolongar-se ao longo da semana, na oração pessoal e comunitária. Nas quadras de nossa paróquia já existem algumas pequenas comunidades que procuram viver isso, reunindo-se semanalmente para orar, para aprofundar e celebrar a fé, para fazer o bem. Se queres, tu podes encontrar na secretaria da paróquia informações sobre essas comunidades das quadras.
Mas não te intimides em tomar a iniciativa e convidar a própria família e os teus vizinhos para vos reunirdes como uma pequena comunidade, por uma hora ou meia hora na semana, ou mesmo quinzenalmente ou a cada mês, para rezar juntos, para ler as Escrituras, para estudar a fé, para partilhar a vida! Assim, cada quadra poderá contar com várias pequenas comunidades, vários núcleos onde se aprofunda a vida cristã, a fé, a amizade com Cristo e entre nós. E aí a nossa Paróquia poderá ser, de fato, uma grande comunidade constituída de pequenas comunidades, onde ninguém é anônimo, onde cada um conta! Isso vai gerar muitos bons frutos de ajuda mútua, de serviço a quem precisa, de anúncio da verdade e da caridade de Cristo! O Núcleo de Evangelização de nossa Paróquia ficará feliz em te ajudar nisso.
Para contribuir com os encontros das pequenas comunidades, vou preparar a cada mês um roteiro de oração e estudo. Esse roteiro pode ser usado em um encontro mensal, por exemplo. Ele estará à disposição na internet que, com a graça de Deus, começa agora a ser mais um espaço para a evangelização e a partilha de nossa vida paroquial. O endereço é www.nsrf.com.br. Acessa e ajuda-nos a divulgá-lo. Aos encarregados de produzir conteúdo para alimentá-lo, agradeço a preciosa ajuda e o testemunho de corresponsabilidade na missão. Aproveito para agradecer a equipe que assumiu com prontidão e eficiência essa missão exigente de construir e cuidar desse site que, com certeza, trará muito bem a tantos.
Convido a ti, especialmente neste mês, a participar do Retiro Quaresmal no salão de nossa paróquia, já no primeiro final de semana: sexta-feira dia 2, das 20h às 22h; sábado dia 3, começando com o Ofício da Imaculada, a missa às 7h e encerrando-se às 17h30; e domingo dia 4, começando com a missa às 7h e concluindo-se às 11h30. Se não puderes participar de todo o retiro, estás livre para participar o quanto possas. Traz tua Bíblia. O tema do retiro é: “Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós” (Cl 3,16).
Na Eucaristia das 19h30 do dia 13 de março próximo, queremos fazer memória de um acontecimento significativo que marcou os inícios da vida civil e religiosa de nossa cidade: a primeira missa realizada em Sobradinho no ano de 1960. Nessa celebração, vamos unir-nos também na súplica ao Senhor pelo dom da paz para as nossas famílias, para nossa cidade e para o mundo todo.
Estamos na expectativa da chegada da imagem de S. José, que ficará no jardim de nossa Igreja. Essa imagem será, de nossa parte, uma homenagem ao esposo da Virgem Maria e pai virginal de Jesus; para tantos que a contemplarem na entrada da Paróquia, será um sinal de nossa identidade como Igreja Católica. A presença das imagens nas nossas igrejas são uma verdadeira e sábia pedagogia dos sentidos, ajudando-nos a lembrar, na representação dos santos, que o bom Deus age na vida de pessoas como nós, chamando-nos todos à santidade, à confiança nele. Não adoramos imagens, mas apenas a Deus, o único digno de toda adoração. Mas, com a ajuda das imagens, lembramos e honramos aos santos e santas, que amaram e seguiram a Jesus Cristo, irmãs e irmãos nossos que caminharam como Igreja, nos precedem nos céus e, como ensina a nossa fé, intercedem por nós, pelo mistério da comunhão dos santos. Celebraremos a solenidade de S. José, Padroeiro da Igreja Universal, no dia 19 de março, segunda-feira, na missa das 6h30 da manhã. Salve, S. José!
Chamo tua atenção para os novos murais que encontraremos na igreja, organizados pela Pastoral da Comunicação (Pascom), com quem, como dom de Deus, podemos agora contar. Lá sempre vais encontrar informações importantes da vida em nossa Paróquia, como as datas e locais dos mutirões de confissão na paróquias de Sobradinho neste mês de março, a missa da saúde, a inscrição, a preparação e a celebração do batismo, os encontros de escuta da Palavra e estudo da doutrina, as atividades de nossos grupos e pastorais, a programação da Semana Santa, entre outros. Vale a pena sempre conferir. Obrigado à equipe da Pascom que inicia seus trabalhos.
Por fim, prepara-te bem para a Semana Santa. Procura participar com a tua família de todas as celebrações! Que a Páscoa do Senhor nos encontre mais prontos para a imensa e maravilhosa vida nova que ele nos traz.
Em Cristo, pe. júlio.