Ary Waldir Ramos Díaz – publicado em 13/10/22
Francisco denunciou em várias ocasiões a “colonização ideológica” que subjaz a ela
OPapa Francisco afirmou que é repugnante impor a ideologia de gênero e, em várias ocasiões, denunciou a “colonização ideológica” que subjaz a ela, destruindo o casamento e a dignidade humana e sendo imposta às custas da vida e da educação das crianças.
As leis de vários países estão mudando para abraçar essa colonização. O caso recente é o da Espanha, com a aprovação da “lei trans” para facilitar operações irreversíveis de mudança de sexo em menores de idade.
Os bispos espanhóis, mediante a sua subcomissão para a família e a defesa da vida, denunciaram os efeitos dessa “legislação ideológica”, que veta a possibilidade de tratamento psicossexual. Eles também alertam sobre a autorização legal para que meninas de 16 e 17 anos abortem sem o consentimento dos seus pais.
Para os prelados ibéricos, a ideologia de gênero está na base dessa nova lei sobre a transexualidade na Espanha, até porque, cientificamente, afirmam, “estudos concordam que mais de 70% das crianças que pedem para mudar de sexo deixam de pedi-lo quando chegam à adolescência” (10/10/2022).
Os bispos espanhóis, seguindo o Papa Francisco, também pedem que a pessoa seja pastoralmente acompanhada, mas que o seu sofrimento não seja ideologizado.
O próprio Papa já testemunhou que, como padre, bispo e mesmo como pontífice, já prestou acompanhamento pastoral a pessoas com tendências e práticas homossexuais:
“Acompanhei-os, aproximei-os do Senhor. Alguns não podem, mas acompanhei-os e nunca abandonei ninguém. Certamente, Jesus não lhes dirá: ‘Vá embora porque você é homossexual’. Não” (02/10/2016).
O que o Papa denuncia em vários de seus discursos é que “o que se faz hoje com a doutrinação da teoria de gênero é repugnante”. Ele acrescenta que até livros escolares ensinam a ideologia do gênero:
“Uma coisa é uma pessoa ter essa tendência, essa opção, e também há quem mude de sexo. E outra coisa é ensinar nas escolas nessa linha, mudar a mentalidade. Eu chamo isso de colonização ideológica”.
O Papa pede que cada pessoa seja vista à luz da misericórdia e seja acompanhada sem generalizações e sem o que chama de “apostasia do pensamento único” ou “globalização da uniformidade hegemônica” (18/11/2013).
E deixa claro que, ao falar do mal causado pela ideologia de gênero, não se refere à orientação homossexual, mas à “perigosa raiz cultural” que destrói o projeto que Deus “quis para cada um de nós: diversidade, diferença”. A ideologia de gênero impõe uma homogeneidade, uma neutralidade de identidade, atacando a verdadeira diferença, “a criatividade de Deus, o homem e a mulher”.
Recordando que “o Catecismo da Igreja Católica nos convida a acompanhar e cuidar pastoralmente desses irmãos e irmãs”, o Papa reforça que não se trata de “discriminar ninguém”, mas de alertar a todos “contra a tentação de cair no projeto insano dos habitantes de Babel: anular as diferenças para buscar uma única língua, uma única forma, um único povo”. Ou seja, a colonização ideológica, que “não leva em conta a verdadeira diversidade dos povos”.
A ideologia de gênero, finaliza o Papa, quer “impor uma ideia à realidade” e “minar a base da humanidade em todas as áreas e em todas as declinações educacionais possíveis”; está se tornando “uma imposição cultural que, em vez de nascer de baixo, é imposta de cima por alguns Estados como o único caminho cultural possível”.