Padre Reginaldo Manzotti – publicado em 01/03/22
O jejum que Deus quer é aquele que é fruto da humildade. O próprio Jesus disse que há certos pedidos e certas orações que só conseguiremos somados a jejum e penitência
AQuaresma é um tempo privilegiado para intensificar nossa conversão, mudança de vida, transformação de nossa consciência e do modo de agir. Muito propício para o Tempo de Quaresma é o exercício penitencial do jejum, tão esquecido e desvirtuado atualmente.
Fala-se muito em jejum “detox”, jejum intermitente, que podem ser ferramentas eficazes para emagrecer, mas não tem nenhum valor espiritual. É importante observar que o jejum não é uma dieta, mas uma pratica espiritual que aumenta nossa intimidade com Deus, e fortalece a virtude da temperança.
Segundo Santo Agostinho, o jejum “purifica a alma, eleva a mente, subordina a carne ao espírito, cria um coração humilde e contrito, espalha as nuvens da concupiscência, extingue o fogo da luxúria e acende a verdadeira luz da castidade” (Sermão sobre a oração e o jejum).
Podem e devem fazer jejum todos os católicos maiores de idade até os 60 anos completos.
Como fazer jejum?
Vou citar o básico, chamado jejum da Igreja, é aquele em que se toma o café da manhã e deixa-se de fazer uma refeição, a escolha almoço ou jantar, substituindo a refeição escolhida por um lanche simples. O importante é não comer nada fora dessas refeições.
O jejum que Deus quer é aquele que é fruto da humildade. O próprio Jesus disse que há certos pedidos e certas orações que só conseguiremos somados a jejum e penitência (cf. Mt 17,20). Jejuar e orar nos ensinam a confiar mais em Deus e no seu auxílio, bem como vencer as batalhas espirituais.
De nada adianta o jejum se o coração é orgulhoso, se a língua é ferina, e se usamos do jejum para prática da injustiça, porque o jejum que agrada a Deus, como Ele diz através do Profeta Isaías, é aquele que quebra a cadeia da injustiça, é aquele que rompe, liberta os que estão sendo oprimidos.
Jejum verdadeiro
O jejum verdadeiro é aquele que partilhamos o alimento com quem não tem, a prática da caridade faz parte do jejum.
O jejum que agrada a Deus e que nos é proposto como prática quaresmal inclui obra de caridade, é cobrir o que está nu, levar o consolo aos doentes, dar pão a quem tem fome, água a quem tem sede. Esse é o jejum verdadeiro que brota de um espírito contrito. Só assim não será só mais um gesto externo, mas sim uma transformação de vida.
A oração suplica a Deus, o jejum ajuda a alcançar a graça e a caridade estende-se a quem necessita.
Que Deus nos ajude a viver santamente o tempo da Quaresma!