Carta do Padre – Fevereiro de 2020

CARTA DO PADRE – FEVEREIRO 2020

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome, eu estou no meio deles.”
(Mt 18,20)

Caro irmão, querida irmã, a paz.

Não nos chamamos “irmãos” por mera cordialidade ou bem-querer. Nós nos chamamos “irmãos” porque o Senhor Jesus nos reuniu como família de Deus, seu Pai e nosso Pai (ler Jo 11,52; Ef 2,19; Jo 20,17). Pela ação do Espírito Santo, fomos feitos filhos de Deus de verdade (ler 1Jo 3,1) e, portanto, irmãos uns dos outros (ler Mt 23,8). Na unidade do Corpo de Jesus, isto é, a Igreja, fomos feitos membros de Cristo e, portanto, membros uns dos outros (ler Cl 1,18; Rm 12,5), próximos uns dos outros, servindo uns aos outros no amor. Fomos criados e chamados para essa unidade entre nós em Cristo: “Que sejam um…” (ler Jo 17,20-23).

Deus é Um (ler Dt 6,4; Jo 10,30)! Deus é Amor (ler 1Jo 4,16)! Deus é Unidade de Amor! Assim, Deus não é uma pessoa sozinha, mas é Deus comunhão: Três Pessoas, Um só Deus! É o mistério revelado em Jesus Cristo: nosso Deus Uno e Trino, Pai e Filho e Espírito Santo, a Santíssima Trindade em sua indivisível Unidade. Somos criados por esse Deus-Amor, Deus Uno e Trino, e, feitos à sua imagem e semelhança, encontramos a plenitude de nossa vida em Seu Amor-Unidade, na comunhão de pessoas.

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome…” (Mt 18,20)

A unidade entre nós não é em primeiro lugar uma tarefa ou realização nossa. Essa unidade não vem de nós; ela não é apenas uma afinidade ou concordância de pensamentos e projetos. Essa unidade é dom de Deus, é participação na sua vida divina, na sua paz, na sua justiça, na sua alegria, no seu amor! Essa unidade é graça que se inicia em nós pelo Batismo, quando somos mergulhados em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Essa graça é alimentada em nós quando comungamos do Corpo e Sangue de Cristo na Santíssima Eucaristia. A graça da unidade misteriosamente cresce e se desenvolve quando, na verdade da mesma fé e caridade, acolhemos o dom de sermos juntos reunidos-integrados “na construção que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo como pedra principal” (Ef 2,20).

Essa “construção espiritual” é a Igreja de Cristo, conforme Ele mesmo afirmou falando a Simão: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Diz-nos S. Pedro: “vós mesmos entrais como pedras vivas na construção da casa habitada pelo Espírito, para constituir uma santa comunidade sacerdotal” (1Pd 2,5). E nos ensina S. Paulo: “Vós sois a construção de Deus” (1Cor 3,9); e “É nele que toda a construção se ajusta e se eleva para formar um templo santo no Senhor. É nele que vós também sois, todos juntos, integrados na construção para vos tornardes morada de Deus pelo Espírito” (Ef 2,21-22). Eis uma bela imagem da unidade que o Senhor nos oferece nele! Somos pedras vivas que, unidas umas às outras, “todos juntos”, integram um mesmo edifício espiritual, a Igreja, Casa de Deus, sustentada pela Pedra Angular, o Senhor Jesus Cristo, sobre o fundamento dos Apóstolos. Ao olharmos a construção do nosso Centro Pastoral, lembremos a unidade que somos chamados a viver como pedras vivas!

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20).

A unidade que é dom de Deus, que vence a divisão do Mal e devolve a justiça e a paz, a unidade que é sinal de reconciliação e perdão, a unidade que nos salva, é a unidade do Filho de Deus, Jesus Cristo, a unidade que ele possui em Si, é a unidade no seu Nome. Os tesouros imensos de sua unidade, Cristo dispõe para nós, peregrinos nesta Terra, em sua Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20).

Proponho este ano empenhar-nos ainda mais em viver esse convite do Senhor: reunir-nos em Seu Nome e acolher entre nós o dom de Sua presença. É verdade que isso já acontece cada vez que celebramos a Santa Missa, conforme proclamamos na Liturgia da Palavra e na Liturgia Eucarística: “Ele está no meio de nós!”. E neste ano queremos aprofundar a consciência de fé sobre esse espaço sagrado de encontro com Cristo que é a Liturgia, de modo particular, a Santa Missa. Quem sabe, além da missa dominical, a missa diária seja descoberta este ano por muitos de nós em nossa Paróquia! Mas não como um projeto de perfeição individual sem conexão com os irmãos! O chamado do Senhor nos une a Ele e aos irmãos.

“Onde dois ou três estiverem reunidos em meu Nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20).

Que essa graça cresça em nós e entre nós! Isso significa vencer a tentação do isolamento, do individualismo, do engano de achar que podemos caminhar na fé sozinhos. Isso significa acolher o dom de ser Igreja – concretamente: assumir um caminho de fé em comunidade, reunindo-nos com irmãos para, vinculados em Cristo, ouvir, guardar e rezar a Palavra de Deus, aprender mais sobre a nossa fé, ajudar-nos e sustentar-nos mutuamente. Para isso, ouvindo o convite de Jesus, em comunhão com as Diretrizes da Igreja no Brasil, queremos trabalhar para o fortalecimento e constituição de pequenas comunidades em nossa Paróquia. Como o Senhor declarou, elas são um espaço para o encontro com Ele! Que essas pequenas comunidades sejam para nós um ambiente de escuta e anúncio da Palavra, de oração em comum, de estudo da doutrina católica, de serviço fraterno, enfim, de iniciação e crescimento na vida cristã, lugar de encontro e relacionamento com Cristo entre nós e em nós! Na Assembleia Paroquial, às 14h do próximo dia 15, vamos planejar o caminho para a formação e desenvolvimento dessas comunidades. É muito importante a tua participação!

Prossigamos! O Amor de Cristo nos uniu! Em Cristo, Pe. Júlio.