CARTA AGOSTO 2019
“O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje…”
(Mt 6,11)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
Ao fazermos esse pedido ao Pai do céu, reconhecemos nossa precariedade, nossa fragilidade. Sim, pois, para nossa sobrevivência, dependemos de pão: alimento, água, ar… Para uma digna existência humana, experimentamos tantas outras necessidades: o pão da educação, da segurança, da cultura, do carinho, da amizade… E, sobretudo, para uma vida em plenitude, precisamos do Pão da Verdade, precisamos do Pão da Vida, o Pão do céu, que só o Pai tem para dar (ler João 6,32-33).
Dá-nos o pão…
Ao rezarmos assim, reconhecemos que tudo é dom do Pai, que Ele sabe que precisamos de todas essas coisas (ler Mt 6,25-34) e que Ele providencia generosamente tudo isso em nosso favor, como bom Pai que é: “Se, pois, vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhas pedem” (Mt 7,11).
Dá-nos o pão nosso…
Tudo é dom! Isso não significa, porém, que vamos ficar de braços cruzados esperando que tudo “caia do céu”, como se o Pai do céu nos devesse dar tudo e satisfazer todas nossas necessidades temporais. Lembro-me de S. Paulo que disse aos tessalonicenses: “Vós bem sabeis como é preciso imitar-nos: nós não vivemos entre vós de maneira desordenada; não pedimos a ninguém que nos desse o pão que comemos, mas com esforço e fadiga trabalhamos, noite e dia, para não ser pesados a nenhum de vós. […] De fato, quando estávamos convosco, nós vos dávamos esta ordem: se alguém não quiser trabalhar, também deixe de comer! Ora, ouvimos dizer que há entre vós quem leva uma vida desordenada, muito ocupados em não fazer nada” (2Ts 3,7-8.10-11).
Dá-nos o pão nosso…
O Senhor também atende esse nosso pedido favorecendo-nos com o dom da saúde, da inteligência, das capacidades e virtudes para que, pelo nosso trabalho, providenciemos os bens de que precisamos, o alimento, o nosso e também dos outros. Sim, porque o Pai do céu realiza sua providência em favor dos seus filhos por meio de nossas mãos, de nossos recursos! Por meio dos outros, o Pai é providente conosco! Por meio de nós, Ele é providente para com os outros!
Lembramos o que Jesus ensinou sobre o juízo final: “Tive fome e me destes de comer!” (Mt 25,35). Incluindo-nos no plano de sua divina providência, o Pai do céu nos insere no dinamismo de seu imenso amor que nos irmana numa real solidariedade, restaurando e elevando nossa dignidade, como pessoas e comunidade humana. Desse modo também se desmascara a falsidade daquela mentalidade enganosa e da política perversa, infelizmente ainda tão em voga entre tantos, de um mero assistencialismo – que não é fraternidade! -, e de uma pretensão ilusória de se distribuir igualitariamente os bens, sem evocar os deveres, as responsabilidades, o empenho no mérito – isso não é justiça!
Dá-nos o Pão…
Por fim, ao nos ensinar a pedir o pão de que precisamos, Jesus nos lembra de que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4), isto é, sua Palavra e seu Espírito. Como lemos no Catecismo da Igreja Católica, n. 2835: “Há uma fome na terra, não ‘fome de pão nem sede de água, e sim de ouvir a Palavra do Senhor’ (Amós 8,11). Por isso, o sentido especificamente cristão desse quarto pedido refere-se ao Pão de vida: a Palavra de Deus a ser acolhida na fé, o Corpo de Cristo recebido na Eucaristia (cf. João 6,26-58)”. Vale a pena ler os números 2828 a 2837 do Catecismo.
A obra do nosso Centro Pastoral está a todo vapor! Estamos por concluir a fase das fundações. Agradeço imensamente o empenho de todos nesse nosso desafio, cada um na sua medida de generosidade e possibilidades. Lembro que, por exigência de um controle correto e minucioso na prestação de contas dos carnês da Ação entre amigos, precisamos que eles não demorem a ser devolvidos.
Neste mês de agosto, mês das vocações, rezamos especialmente para que cada um de nós seja fiel a responder ao chamado que o Pai do céus nos faz. Sim, a cada um de nós Ele chama à amizade consigo, à santidade e à comunhão como Igreja, no serviço do Evangelho: uns como padres, outros como diáconos, outros como pais e mães de família, outros como testemunhas da Verdade e do Amor no mundo do trabalho, na sociedade… Sobretudo cada jovem desperte para a pergunta: “Senhor, que queres que eu faça? Senhor, quem queres que eu seja? Senhor, qual é a minha vocação?”.
Peço tuas orações pelo Alpha Jovem. Cerca de 40 jovens farão, a partir deste mês, um percurso bonito de busca e encontro com o Senhor e consigo mesmos. Fica atento às atividades pastorais de nossa Paróquia. Ali, o Pai do céu está a te oferecer do Seu maravilhoso e nutritivo Pão, para que tenhas vida, e vida em plenitude!
Com Deus, pe. Júlio.