“Assim na terra como no céu.”
(Mt 6,10)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
“Assim na terra como no céu” – dizemos depois de pedir “seja feita a tua vontade”. Desse modo desejamos e pedimos que a nossa vida (“na terra”) tenha tal dignidade, tal perfeição, tal altura: “como no céu”. Pode parecer um pedido absurdo, mas é Jesus quem nos faz dizer isso! De fato, várias vezes Jesus nos mostra o modelo que deve guiar e inspirar nossas ações, nossa vida: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48); “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36); “Dei-vos o exemplo, para que também vós façais assim como eu vos fiz” (Jo 13,15); “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).
Assim na terra como no céu… (Mt 6,10).
Assim como o Pai, sejamos nós… Assim como Jesus, vivamos nós… Isso é obra do Espírito Santo, que santifica os que ele conduz, tornando-os filhos de Deus, filhos parecidos com o Pai, como Jesus: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8,14). Essa é a obra da graça naquele que crê de verdade, modificando-se e transformando-se o modo de pensar, de agir e de ser: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação da mente, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2).
Assim na terra como no céu… (Mt 6,10).
Sim, a fé é para conformar nossa existência terrena (“a terra”) à vontade do Pai celeste (“o céu”), quer dizer: que nossa vida tome a forma de Cristo em quem se revela plenamente o rosto do Pai, Senhor do céu e da terra (João 14,9; Lucas 10,21). Isso não vem de nós, é dom de Deus (Ler Efésios 2,8-10), é ação da graça de Deus! Nós, porém, precisamos e devemos crer firmemente e nos dispor a essa graça na conversão da vida. Como no céu, assim seja na terra; como Jesus, assim sejamos nós! E mais ainda: seja e viva Ele mesmo em nós, como experimentou e testemunhou S. Paulo – “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Assim na terra como no céu… (Mt 6,10).
Deus, nosso Pai, quer e prepara coisas grandes, boas e belas para nós: a sua glória e eternidade, a felicidade de sua companhia, a sua própria vida; em uma palavra: quer dar-nos o céu! Isso não é apenas um desejo dele, uma intenção vaga, mas uma decisão divina! E Ele já começou a realizar isso, dando-nos o seu próprio Filho (Ler João 3,16 e Romanos 8,32) e o Espírito Santo (Ler Gálatas 4,6 e Lc 11,13).
Assim na terra como no céu… (Mt 6,10).
A decisão de Deus está tomada: no imenso amor com que nos amou (Ler Efésios 2,4), abriu para nós o seu céu, a sua eternidade, por meio de seu Filho Jesus, na comunhão do Espírito Santo. Dizer “Assim na terra como no céu” é querer acolher essa decisão divina e aí entrar! Dizer “Assim na terra como no céu” é decidir-nos por Ele, uma vez que Ele, por primeiro, se decidiu por nós (Ler 1João 4,19).
Assim na terra como no céu… (Mt 6,10).
Essa decisão de fé e amor deve fazer nossa “terra”, a terra que somos nós, assumir o jeito de Jesus e seu Evangelho: “como no céu”. Nosso modo de falar, de vestir, de andar – “como no céu”… O modo como vivemos na comunidade – “como no céu”… Nosso modo de conversar com as pessoas, de escutar, de lidar com as fraquezas, nossas e dos outros – “como no céu”… O modo de namorar, de viver a vida conjugal e as amizades – “como no céu”… O modo como nos comportamos no trânsito, nas festas, nas ruas – “como no céu”… Nosso modo de lidar com o tempo, com o trabalho e com o descanso – “como no céu”… O modo como usamos a internet e as redes sociais – “como no céu”… Como Jesus, nosso Mestre e Senhor.
Ao repetir Assim na terra como no céu, fixamos a mente e o coração no altíssimo plano que o Senhor tem para nós e não nos distraímos da meta de nossa existência: a vida eterna. Como disse S. Paulo: “Visto que ressuscitastes com Cristo, procurai o que é do alto, lá onde se encontra Cristo, sentado à direita de Deus; é no alto que está a vossa meta, não na terra. De fato, vós estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,1-3).
Peço tuas orações pelos retiros dos catequistas e dos jovens neste mês de julho. Lembro também que, neste mês, não temos as missas nas manhãs de 3a a 6a feira. Neste intervalo das atividades pastorais, encontremos um tempo maior e melhor com nossos queridos, familiares e amigos, e com o próprio Senhor em nossa oração pessoal.
Com Deus, pe. júlio.