CARTA MAIO 2019
“Venha o teu Reino…”
(Mt 6,10)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
Começamos a viver o Tempo Pascal e nele a Sagrada Liturgia nos abre de novo à contemplação do mistério central de nossa fé: Jesus ressuscitou! A morte não pôde contê-lo, “porque assim como o Pai possui a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho possuir a vida em si mesmo” (João 7,26). O próprio Jesus revela: “Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive; estive morto, eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do Hades” (Ap 1,17b-18). Pela sua morte e ressurreição, Jesus iniciou a consumação da vitória de Deus em nós e da vinda do Reino que Ele nos ensinou a desejar (Mt 6,33) e pedir ao Pai:
Venha o teu Reino (Mt 6,10).
Sabemos muito bem que o Reino de Deus não se identifica com nenhum reino deste mundo (ler João 18,36-37) e que a onipotência de Deus não se confunde com a força dos grandes e “empoderados” da história humana. Aliás, ao longo dos tempos, muitas pessoas se iludiram a esse respeito, identificando o Reino de Deus com o progresso da cultura e da sociedade, como se nós pudéssemos “construir” o Reino de Deus com nossa boa vontade e nossas boas ações. É verdade que devemos empenhar-nos no serviço da justiça e da paz neste mundo, assumindo responsavelmente as tarefas e os talentos que o Senhor nos confia. Não podemos esquecer, porém, que o Reino do nosso Pai é o Reino dos “céus” (ler Mateus 13,10-12), quer dizer, “além, infinitamente além do que nós podemos pedir ou conceber” (Efésios 3,20), é mistério da presença e ação do Cristo Rei, o Filho de Deus Salvador.
Venha o teu Reino (Mt 6,10).
O Reino de Deus pode vir até nós, porque Deus, nosso Pai, no-lo quer dar: “não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino!” (Lc 12,32). E, como Ele quis, assim o fez: o Pai “nos arrancou ao poder das trevas e nos transferiu para o Reino do seu Filho Amado; nele somos libertos; nossos pecados são perdoados” (Cl 1,12-14). O Reino é um dom de Deus! Porque nos quer dar o Reino, o Senhor nos faz desejá-lo e pedir:
Venha o teu Reino (Mt 6,10)!
Deus Pai manifestou por nós seu grande amor, dando-nos participar da realeza de seu Filho Unigênito: “com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus em Jesus Cristo” (Ef 2,6). De fato, com a ressurreição, o corpo de Jesus (corpo humano como o nosso!) é entronizado na glória que Ele, Filho de Deus, tinha junto do Pai “antes que o mundo existisse” (João 17,5). Pelos sacramentos, a começar do Batismo, nós entramos em comunhão com o Corpo de Jesus – somos como que “enxertados” nele! –e, assim, nos é dado partilhar, desde já da vida que Ele tem em si mesmo, da sua glória, do seu Reino!
Venha o teu Reino (Mt 6,10)!
O Reino de Deus já entre nós (ler Lc 11,20), “misteriosamente presente na Igreja” (Lumen Gentium, n.3), porque Jesus, o Crucificado Ressuscitado, está entre nós (ler Mt 28,20; João 14,18; João 6,55-56). Mas enquanto peregrinamos neste mundo que passa, convivemos com o mistério do Mal e aguardamos, vigilantes, a vinda gloriosa do Cristo e a consumação do seu Reino:
Cristo afirmou antes de sua Ascensão que ainda não chegara a hora do estabelecimento glorioso do Reino messiânico esperado por Israel, que deveria trazer a todos os homens, segundo os profetas a ordem definitiva da justiça, do amor e da paz. O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho, mas é também um tempo ainda marcado pela “tristeza” e pela provação do mal, que não poupa a Igreja e inaugura os combates dos últimos dias. É um tempo de expectativa e de vigília (Catecismo da Igreja Católica, n. 672).
Por isso, obedientes ao Senhor, rezamos ao Pai:
Venha o teu Reino (Mt 6,10)!
Nós, cristãos, somos chamados neste mundo a viver a realeza de Cristo, tal como Ele, servo de todos, viveu: no serviço de amor (ler Jo 13,12-15). Lembra o Catecismo: “para o cristão, ‘reinar é servir’, particularmente ‘nos pobres e nos sofredores, nos quais a Igreja reconhece a imagem de seu Fundador pobre e sofredor’”(n. 786). Ao pedirmos, então, Venha o teu Reino, suplicamos, é verdade, a vinda definitiva e gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo; mas também pedimos que Ele reine em nós, que sua santa vontade ponha ordem em nossa vida e nos converta, fazendo de nós servidores da sua justiça, instrumentos de sua paz. Assim seja para cada um de nós pessoalmente e para nossa comunidade: o Reino dentro de nós e manifestado em uma vida de santidade, em nossos trabalhos, palavras, atitudes.
Entramos no mês de Maria, nossa Mãe querida. Teremos o terço todos os dias, às 18h, coordenado pelo belo Grupo das mães que rezam pelos filhos. Todos são convidados. Atenção para tantas graças neste mês: Papo Aberto com a juventude, estudando a Teologia do Corpo; missa da saúde; Baile das mães; início das missas com procissão luminosa, no dia 13; Passeio pela paz; Almoço Mariano; formação para os pais da catequese; Barraquinhas Marianas, entre outras… Quanta vida! Participemos. E empenhemo-nos na construção do nosso Centro Pastoral.
Com Deus, pe. júlio