Reportagem local – publicado em 01/03/21
O homem a quem o próprio Deus chamou de “pai”; um santo venerado pelos santos
Mês de São José no ano de São José: especialíssimo março! Este é, tradicionalmente, o mês que os católicos devotam ao esposo de Nossa Senhora, pai adotivo do Menino Jesus, padroeiro da Igreja e “santo do silêncio”, devido à sua história de humilde coadjuvante na vida de Maria e do Cristo.
Um “coadjuvante protagonista”
No entanto, esse papel é apenas aparente, pois São José exerce impactante protagonismo na trajetória da Sagrada Família. Foi ele, por exemplo, quem protegeu com imenso esmero a esposa e o filho de Deus em episódios-chave do cristianismo, como o Nascimento de Jesus na estrebaria de Belém e a dramática fuga para o Egito quando o rei Herodes determinou a matança de todos os meninos menores de 2 anos. Foi José, além disso, quem sustentou como pai e esposo o Santíssimo Lar de Nazaré, e foi ele o educador masculino do Menino Jesus.
São José também é chamado de padroeiro da boa morte, pois, embora nada se saiba sobre como, quando e onde ocorreu o seu falecimento, sabe-se o fundamental e mais sublime: que ele teve a graça inefável de partir deste mundo entre os braços de ninguém menos que Jesus Cristo e a Santíssima Virgem Maria.
Festas litúrgicas para São José
São José merece não uma, e sim duas grandes festas litúrgicas: o dia 19 de março é a sua festa principal, e o dia 1º de maio é a festa que o recorda especialmente pela profissão: carpinteiro e patrono de todos os trabalhadores.
É justamente por conta da sua festa principal, em março, que este mês inteiro é dedicado a ele.
A sua importância é tamanha que, todos os anos, no dia 19 de março, os sacerdotes trocam os paramentos roxos da Quaresma pelo branco da festa a fim de celebrar um dos máximos santos de todos os tempos.
A Igreja presta a São José um culto de protodulia, ou seja, uma veneração dedicada àquele que ocupa o primeiro lugar na lista dos santos. E certamente não é para menos quando se trata de honrar o homem que foi escolhido por Deus para nada menos do que ser chamado de “papai” pelo próprio Filho de Deus feito carne! É imaginável uma graça maior? São José é ninguém menos que o homem a quem o próprio Deus chamou de “pai”!
Santo venerado pelos santos
Santo venerado pelos santos, São José teve a sua grandiosidade reconhecida por todos os santos canonizados da Igreja, pelos Papas e pelo próprio Jesus, que, numa aparição a Santa Margarida de Cortona, declarou:
“Filha, se desejas fazer-me algo agradável, rogo-te que não deixes passar um dia sem render algum tributo de louvor e bênção ao meu pai adotivo, São José, que me é caríssimo”.
Santo Afonso Maria de Ligório afirmou que Deus concedeu a São José todos os dons que concedeu a todos os outros santos juntos.
São Francisco de Sales, doutor da Igreja, escreveu:
“São José ultrapassou, na pureza, os anjos da mais alta hierarquia”.
São Jerônimo, também doutor da Igreja e tradutor oficial da Bíblia, registrou:
“José mereceu o nome de Justo porque possuía, de modo perfeito, todas as virtudes”.
São Bernardo, uma das maiores eminências da história da Igreja, declarou:
“De sua vocação, considerai a multiplicidade, a excelência, a sublimidade dos dons sobrenaturais com que foi enriquecido por Deus”.
E um dos mais extraordinários testemunhos sobre São José foi escrito por uma das mais extraordinárias mulheres santas da longa e riquíssima história do cristianismo: a doutora da Igreja Santa Teresa de Ávila, uma das máximas devotas do santo pai adotivo de Jesus Cristo. Em sua autobiografia “Livro da Vida”, ela testemunhou que, através da intercessão do santo, foi curada de uma doença que a tinha deixado quase paralisada e que era considerada incurável. Santa Teresa costumava repetir que:
“Outros santos parecem ter um poder especial para resolver certos problemas. Mas Deus concedeu a São José um grande poder para ajudar em tudo”.
Até o final de sua vida, a santa carmelita destacou que, durante 40 anos, todos os anos, na festa de São José, pediu-lhe alguma graça ou favor especial e ele jamais lhe veio a falhar:
“Eu digo àqueles que me escutam que façam o ensaio de rezar com fé a este grande santo, e verão os grandes frutos que conseguirão”.
Mês de São José no ano de São José
Em 8 de dezembro de 2020, o Papa Francisco proclamou um Ano Especial de São José, que se estenderá até 8 de dezembro de 2021.
Trata-se de uma celebração dos 150 anos da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Católica, realizada em 8 de dezembro de 1870 pelo beato Papa Pio IX mediante o decreto “Quemadmodum Deus”.
O Ano de São José foi aberto com a carta apostólica “Patris corde”, que, em latim, quer dizer “Com coração de pai”. O Papa Francisco o descreve como “pai amado, pai na ternura, na obediência e no acolhimento; pai com coragem criativa, trabalhador, sempre na sombra”, ou seja, sempre com discrição, sem esperar reconhecimentos.
O Papa Francisco, aliás, já dedicou diversas reflexões a São José. Foi também ele que, mediante decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, modificou as orações da Santa Missa para mencionar São José explicitamente nas Orações Eucarísticas II, III e IV da terceira edição típica do Missal Romano, colocando o seu nome logo após o da Santíssima Virgem Maria.
Para o Ano de São José, Francisco o destaca como exemplo para os homens de hoje, tanto como “pai no acolhimento” quanto porque “acolheu Maria sem condições prévias”. Este gesto é particularmente eloquente “neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher”, observa o Papa.
O carpinteiro de Nazaré também dá exemplo do “valor, dignidade e alegria” do trabalho. O Papa comenta que é necessário “tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica, que se torna participação na própria obra da salvação”, além de realização pessoal e da própria família.
Vale recordar que este Ano de São José convocado pelo Papa Francisco está sendo enriquecido com indulgências especiais.