CARTA JULHO 2018
“Como é santo aquele que vos chamou,
tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder.”
(1Pd 1,15)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
“O Senhor pede tudo e, em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos criados. Quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa”. É assim que o Papa Francisco começa a sua mais recente Exortação Apostólica, Gaudete et Exsultate, sobre o chamado à santidade no mundo atual. Relembra-nos assim a antiga e sempre nova vontade de Deus para nós seu povo: “A vontade de Deus é que sejais santos” (1Ts 4,3).
O Papa Francisco, sendo Pedro para nós, fala aí muitas coisas interessantes e nos confirma mais uma vez no caminho da fé (Lc 22,32), fazendo ressoar o maravilhoso chamado à vida plena que o Senhor dirige a cada um de nós (Jo 10,10), o chamado à felicidade e liberdade de filhos de Deus (Jo 8,31-36; Gl 5,1) – em uma palavra, o chamado à santidade (Mt 5,48; Lc 6,36). Ele diz que a santidade se revela como fruto e caminho de uma vida em comunhão com Deus e com sua santíssima vontade para nós, vontade sempre boa que nos quer tornar “mais vivos, mais humanos”, mais livres, mais felizes: “existe apenas uma tristeza: a de não ser santo” (Léon Bloy, citado pelo Papa no número 34 da Exortação).
“Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós” (1Pd 1,15).
E se alguém desconfia da santidade, acha que ela não lhe diz respeito, que lhe é impossível, que é somente para um grupo especial e muito pequeno de pessoas, o Papa relembra que ela é um chamado que o próprio Senhor faz a cada um e que “se dirige também a ti” (GE, 10), “cada um por seu caminho” (GE, 11): “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra” (GE, 14).
“Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder” (1Pd 1,15).
Essa santidade não é o resultado de nossos desejos e esforços – e o Papa adverte das ilusões e “falsificações da santidade”, tão presentes hoje como no passado. Não podemos ser ingênuos. Sabemos de nossos limites, nossas imperfeições e nossos pecados. Mas a fé nos abre à lucidez! E é na “fé ativa pelo amor” (Gl 5,6) que podemos acolher a santidade como dom e chamado do nosso Pai que está nos céus, como caminho a ser percorrido com o auxílio e força de sua graça, seu plano maravilhoso para a nossa vida, para o nosso bem.
“Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder” (1Pd 1,15).
Ele diz ainda que, pela fé, podes descobrir que a santidade é, na verdade, “o fruto do Espírito Santo na tua vida” (GE, 15), que cresce “com pequenos gestos” (GE, 16) e nos ajuda a descobrir e realizar a nossa vida como missão, em união com a Pessoa e a missão de Jesus Cristo, nosso Senhor: “A tua identificação com Cristo e os seus desígnios requer o compromisso de construíres, com Ele, este Reino de amor, justiça e paz para todos. […] Por isso, não te santificarás sem te entregares de corpo e alma, dando o melhor de ti neste compromisso” (GE 25).
O Papa Francisco conhece bem as situações tão difíceis desse mundo conturbado em que vivemos. Assumindo responsavelmente as exigências de sua missão de Pastor da Igreja Católica e do lugar de liderança moral que ocupa no cenário internacional, não tem deixado de exortar, com coragem, o povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade, de alertar-nos sobre as armadilhas do Mal e, sobretudo, de anunciar a verdade do plano de Deus para a humanidade, a alegria do Evangelho de Jesus Cristo, o Salvador do homem.
Ao decidir dedicar uma exortação apostólica ao chamado à santidade no mundo atual, o Papa nos lembra quem somos e aonde devemos chegar. E isso é o mais importante! Se esquecemos quem somos, o porquê e o para quê da vida cristã, facilmente nos desorientamos, perdemos tempo e a nós mesmos, nos deixamos perverter, mesmo em meio às “coisas de Deus”!Estejamos, pois, todos atentos à exortação que Cristo mesmo faz por meio do Papa Francisco também a nós como comunidade paroquial.
Nascidos na mesma fonte batismal, somos a porção dos filhos de Deus chamados à santidade aqui e agora: alimentados aqui pelo mesmo Pão, aqui caminhamos e ajudamos a caminhar; aqui somos iluminados pela Palavra e enviados a iluminar os outros; aqui podemos crescer na comunhão com o Senhor e na comunhão com os outros. Todas as nossas atividades pastorais e celebrativas, os nossos espaços e tempos, tudo isso é para que seja gerada, em nós e entre nós, essa santidade que salga e ilumina a nossa vida, transformando-a em sal e luz para os outros (Mt 5,13-14), para o louvor da glória de Deus (Ef 1,12).
Devemos certamente programar nossa vida paroquial, com seu calendário, atividades, responsabilidades, mas sem nenhuma ilusão de controle sobre esta realidade viva que é a nossa razão de ser como paróquia: Cristo em nós e entre nós, nós juntos em Cristo, com Cristo e por Cristo! Fora disso, tudo é vaidade e ilusão! Deus nos livre que aconteça conosco aquilo de que fala o Senhor: “Naquele dia, muitos vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?’ Então, eu lhes declararei: ‘Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade’” (Mt 7,22-23).
Essa santidade cresça em nós e entre nós, porque o Senhor está trabalhando fortemente nisso! Ele nos comunica a força de sua graça santificadora nos sacramentos do Batismo, da Eucaristia, da Crisma, da Confissão, do Matrimônio e da Unção dos Enfermos; os seus auxílios nos chegam pela escuta e acolhida da Palavra, na oração em comum, na vida e no serviço fraterno nas comunidades, nos diversos trabalhos missionários.
Neste mês de julho, não teremos a celebração das manhãs de 3a a 6a feira. Faremos também uma pausa nas atividades pastorais; aproveitemos esse tempo para estar um pouco mais com nossos familiares e amigos – entre eles também o nosso irmão e amigo Jesus, dedicando-nos um pouco mais ao encontro com ele na oração pessoal. Peço tuas orações para os retiros dos catequistas e das comunidades jovens de nossa Paróquia, nos dias 6 a 12 deste mês. Lembro a oportunidade de homenagearmos nossa Padroeira no dia 13 próximo, sexta-feira, lembrando sua aparição naquele dia aos pastorinhos: terço às 19h, santa missa às 19h30 seguindo-se a procissão luminosa. Salve, Nossa Senhora do Rosário de Fátima! No dia 29, último domingo do mês, das 8h30 às 11h, teremos a Manhã de Emaús, nosso tempo mensal para um maior recolhimento e oração com as Sagradas Escrituras. Vem participar – e não te esqueças de trazer tua bíblia.
Em Cristo, pe. júlio.