CARTA ABRIL 2018
“Ele nos fez renascer!”
(1Pd 1,3-25)
Caro irmão, querida irmã, a paz.
“É verdade! O Senhor ressuscitou!” (Lc 24,34) – eis o grande anúncio pascal. Essa é a Boa Nova, o testemunho que a Igreja recebeu e foi incumbida pelo próprio Senhor Jesus, o Crucificado Ressuscitado, de transmitir a todas as nações (Jo 20,17-18; Lc 24,46-47; Mt 28,28-20; Mc 16,15; 1Cor 15,1-8). Cristo ressuscitou de verdade! Seu corpo, que foi crucificado, morto e sepultado, não está mais no sepulcro, mas se levantou glorioso! Porque Cristo está vivo e inteiro – corpo, sangue, alma e divindade – ele, e só ele, pode tornar-nos inteiros e vencer toda divisão que há em nós, inclusive a divisão da morte! Isso porque a humanidade inteira de Cristo, que é nossa humanidade, entrou em definitivo na eternidade e a morte não tem mais poder sobre ela! Um homem venceu a morte! “A morte foi tragada na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?” (1Cor 15,54b-55).
Do anúncio maravilhoso da ressurreição de Jesus deriva um outro: “Ele nos fez renascer!” (1Pd 1,3). Sim, a ressurreição de Cristo é “primícias” (1Cor 15,20), isto é, início e fonte de nossa ressurreição futura, por ocasião de sua vinda (1Cor 15,23), e de uma vida nova desde já (Cl 3,3). Ao entrar em nossa morte por sua cruz e vencê-la por sua ressurreição, ele nos mostrou e realizou o plano eterno do Pai de vencer o Mal e a morte em nossa própria humanidade; assim ele também se revelou verdadeiro Caminho (Jo 14,6), por quem, com quem e em quem podemos encontrar a Verdade e a Vida, já agora na imperfeição de nossa vida mortal e, em plenitude, na eternidade!
“Ele nos fez renascer!”. Esse é um mistério tão grande! Deus, nosso Pai, dispõe para nós a participação de sua vida divina (2Pd 1,4), da herança “reservada nos céus” (1Pd 1,4): a própria vida do seu Filho Unigênito em nós, tornando-nos também, n’Ele, filhos de Deus: “Vede que grande presente de amor o Pai nos concedeu, que sejamos chamados Filhos de Deus; e nós o somos! Eis que o mundo não pode conhecer-nos: ele não descobriu a Deus. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas o que seremos ainda não se manifestou. Sabemos que, quando ele aparecer, seremos semelhantes a ele, já que o veremos, tal como ele é” (1Jo 3,1-2).
“Ele nos fez renascer”. Trata-se de um novo nascimento! Um dom gratuito, livre, amoroso, imenso. Trata-se de uma vida nova, dada por Ele! É ele, o Senhor, quem nos faz renascer, é dom dele, isso não vem de nós: “isso não depende de nós, é dom de Deus” (Ef 2,8). Essa vida nova de filhos, gerada “da água e do Espírito” (Jo 3,5), isto é, do Batismo, é comunicada a nós por Deus mesmo, e cresce e frutifica em quem o recebe pela fé: “Mas aos que o receberam, aos que creem em seu nome, ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12).
“Ele nos fez renascer”. A existência cristã é, portanto, não apenas uma acomodação a algumas normas, ideias e valores, mas uma verdadeira vida nova. Essa vida nos é oferecida de uma vez por todas no Batismo – tal como celebramos e revivemos na Vigília Pascal! Essa vida nova é alimentada e robustecida na Eucaristia, restaurada e curada nos sacramentos da Confissão e da Unção, enriquecida e impulsionada à missão pelos sacramentos da Crisma, do Matrimônio e da Ordem. É tão bonito ver quando uma pessoa se abre para essa realidade! É tão bonito quando se vê alguém lutando por prosseguir na fidelidade de corresponder a essa graça de ser filho e filha de Deus, ao longo da sua peregrinação nesta terra (1Pd 1,17), em meio a tanta imperfeição (1Cor 13,9-10), aflições e combates (1Pd 1,6-7; 1Cor 9,24-27; 1Tm 6,12; 2Tm 4,6-7)!
“Ele nos fez renascer”. Essa é uma palavra importante de se guardar bem no coração e na mente, sobretudo nesses tempos difíceis que vivemos. Há tanta confusão, tanta mentira, tanto ódio; há tanta violência, injustiça e morte no mundo, em nossas cidades, em nossas casas… E mesmo no campo da fé, no nosso ambiente de Igreja, podemos experimentar certa insegurança e mesmo perplexidade diante de tantos acontecimentos que nem entendemos bem. No meio de tudo isso, podemos ser tentados a duvidar da vida nova em Cristo, duvidar se ela é real, se é possível; pior ainda, podemos ser invadidos por suspeitas se de fato o Senhor Deus age em nosso meio… Essa é uma tentação antiga, testemunhada até pelos profetas e pelos Salmos: “Até quando, Senhor, não se elevou meu pedido de socorro? E tu não escutas. Aos gritos denuncio a violência, e tu não salvas!” (Hab 1,2; e ainda Sl 11/12; 12/13; Sl 13/14). É, então, que se deve levantar em nossa memória a resposta definitiva de Cristo Jesus, Deus verdadeiro, não só com palavras, mas com a própria vida, com sua morte de cruz e com sua ressurreição. Não, não estamos sós! Sim, ele nos escuta e nos salva (Sl 115/116; 116/117; Sl 117/118)!
“Ele nos fez renascer”. Esse renascer, que é obra salvadora de Cristo, implica a exigência de um morrer primeiro. Para renascer, é preciso morrer: “Se o grão de trigo que cai em terra não morre, ele fica só; se, ao contrário, ele morrer, produzirá fruto em abundância” (Jo 12,24). Sobretudo, de nossa parte, é preciso morrer para tudo o que contradiz e fere a nossa dignidade de filhas e filhos de Deus, chamados que somos à liberdade de Cristo (Gl 5,1.13), chamados à vida no Espírito (Gl 5,22-25), como mulheres e homens novos (2Cor 5,17), como sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14). É preciso morrer para o pecado, esse mal que passa pelo coração humano e transborda em mentiras, corrupção e injustiça de todo tipo. Para tornarmo-nos disponíveis ao renascimento que Cristo nos oferece em sua Páscoa, é preciso deixar-nos morrer com Ele para o pecado: “considerai que estais mortos para o pecado e vivos para Deus em Jesus Cristo” (Rm 6,13; cf. Rm 6,1-14).
Nem pretendia escrever tanto assim… Fico entusiasmado com a novidade do Evangelho e desejo que tantos mais a experimentem vivamente! É para isso que o Senhor nos deixou sua Igreja que, em meio às tempestades e tentações do mundo, prossegue sustentada pela força e auxílio do Bom Pastor, que nunca nos abandona. É por causa de Cristo e de seu Evangelho que existe cada paróquia e também a nossa Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Importa crescermos cada vez mais na consciência do imenso dom e da responsabilidade de sermos todos Igreja, testemunhas do Crucificado Ressuscitado.
Que a nossa vida cristã se enriqueça ainda mais nesse tempo pascal que se inicia agora. Que a missa dominical marque nosso tempo, prolongando seus efeitos durante a semana. Que cresça em nós o desejo de rezar as Sagradas Escrituras, sozinhos e em comunidade. Que nos disponhamos a partilhar com os irmãos e irmãs momentos de oração, de adoração ao Santíssimo Sacramento, de estudo da nossa fé e de serviço generoso aos outros. Para ajudar no estudo e na oração em comum, tenho preparado para cada mês um roteiro que podes encontrar no nosso sítio na internet (www.nsrf.com.br). Há já pequenas comunidades em cada quadra de nossa paróquia e no setor de chácaras; podes obter informação na secretaria. Mas se teus horários não combinam com os das nossas comunidades das quadras, podes reunir teus vizinhos, amigos e familiares, como uma pequena comunidade, para rezar e estudar juntos com esses roteiros. Assim, a Palavra viva de Deus recebida na missa do Domingo correrá por nossas quadras…
Neste mês de abril, estarei ausente por onze dias, por motivo de viagem. Pe. Miguel Alon, formador no Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília, virá celebrar as missas dominicais dos dias 14 e 15. Também alguns irmãos e irmãs de nossa comunidade farão o curso preparatório para novos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística. Rezemos por eles. Lembro ainda que temos em nossa Paróquia boas oportunidades para o crescimento na vida de oração e na inteligência da fé: escuta da Palavra (3as feiras na igreja após a missa das 19h30, excetuando-se a primeira 3a feira, quando temos missa nas quadras, neste mês de abril na quadra 6); estudo da doutrina (dias 11 e 25, às 20h15, no salão – estamos estudando a
Revelação de Deus nas Sagradas Escrituras); terço dos homens (4as feiras, na igreja após a missa das 19h30); mães que oram pelos filhos (sábados 18h, na igreja), entre tantas outras iniciativas… Fiquem atentos aos informes nos nossos murais.
Desde já também anuncio que no próximo mês de maio, nos dias 17 a 20, teremos a alegria de receber a visita pastoral missionária de nosso bispo, D. Sérgio da Rocha. Preparemo-nos pela oração e na disposição para uma participação ativa de toda a nossa comunidade. Por fim, após esse tempo de discernimento ao longo da quaresma, com alegria comunico que prosseguiremos com as missas pela manhã, às 6h30, de terça a sexta-feira.
Em Cristo, pe. júlio.